segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PORTUGAL: O ESTADO NOVO

O TRIUNFO DAS FORÇAS CONSERVADORAS

Durante os primeiros anos do regime de ditadura instituído com o golpe militar de 28 de Maio de 1926, a crise política acentuou-se e o défice financeiro não parou de se agravar. Perante as dificuldades, em 1928, os militares fazem um segundo convite a um distinto professor, António Oliveira Salazar, para superintender à pasta das Finanças.
Pela primeira vez, num período de 15 anos, Salazar conseguiu tornar o saldo do orçamento positivo, progredindo a chefe de governo. Salazar, com o propósito de instaurar uma nova ordem politica, empenhou-se na criação das necessárias estruturas institucionais. Ainda em 1930 se lançaram as bases orgânicas da União Nacional e se promulgou o Acto Colonial. Em 1933 foi a vez da publicação do Estatuto do Trabalho Nacional e da Constituição de 1933, submetida a plebiscito nacional. Ficou, então, consagrado um sistema governativo conhecido por Estado Novo, do qual sobressaíram o forte autoritarismo do Estado e o condicionamento das liberdades individuais ao interesse da Nação.
Com Salazar no Governo, inicia-se a edificação do Estado Novo, isto é, a imagem do Estado totalitário português inspirado na ideologia fascista, com particularidades introduzidas por Salazar que deixou o seu nome na identificação do fascismo português – o Salazarismo.



No seu imaginário político, à semelhança de Mussolini, Salazar concebeu um regime:
· Autoritário
- Limitado pelos princípios da moral e do direito, Salazar rejeitou os princípios liberais que constituíam os fundamentos do regime democrático e, por conseguinte, repudiou o sistema parlamentar pluripartidário.
- O poder executivo era detido pelo Presidente da Republica, mas a verdadeira autoridade era exercida pelo Governo, nomeadamente pelo Presidente do Conselho de Ministros. Com amplos poderes de legislar, apenas tinha o dever de submeter as propostas de lei a uma Assembleia Nacional que, todavia era constituída por deputados identificados com o Governo, provenientes de um único partido – a União Nacional. De uma forma geral, o poder executivo era detido pelo Presidente do Governo que se sobrepunha ao Presidente da Republica.

· Personalizado no chefe – o culto da personalidade/chefe
- Tal como na Itália, a consolidação do Estado Novo passou pelo culto do chefe, onde o chefe era o intérprete do supremo interesse nacional.
- Salazar era apresentado pela propaganda do regime como o “Salvador da Pátria”, a sua imagem estava presente em todos os lugares públicos, era venerado pelas multidões e só não era aclamado porque era avesso às multidões.

· Conservador – a consagração da tradição e da ruralidade
- Salazar também foi uma personalidade extremamente conservadora. Adverso à ideologia marxista e ao seu carácter urbano e industrial, Salazar consagrou a tradição e a ruralidade.
- Convictamente católico, ao carácter negativista dos novos tempos marcados pelo progresso da democracia liberal, do parlamentarismo e da agitação marxista do mundo urbano e industrializado, Salazar procurou incutir na Nação portuguesa os valores do passado glorioso da nossa História, nomeadamente do passado monárquico autoritário, caracterizado pela ordem e pela disciplina.
- Consagrou a ruralidade como imagem de todas as virtudes, contrapondo-a ao mundo urbano industrial, onde imperava a desordem e a indisciplina (gerada pela luta de classes da sociedade industrial).
- Repousou em valores e conceitos morais que jamais alguém podia questionar: Deus, Família e Trabalho.
- Protegeu a religião católica definida como religião da Nação portuguesa.
- Respeitou as tradições nacionais e promoveu a defesa de tudo o que fosse genuinamente português.
- Considerou como imagem da sociedade portuguesa uma família rural, tradicional e conservadora, onde a mulher ocupava o papel de mãe, dona de casa e submissa ao marido, enquanto este se ocupava do ganha-pão.

· Nacionalista – a exaltação dos valores nacionais
- Uma das grandes preocupações do regime era a União de todos os portugueses no engrandecimento da pátria. Como todas as divisões fragilizavam a Nação, os partidos políticos foram proibidos e todos os portugueses se deviam congregar na União Nacional.
- Para melhor conseguir esta união nacional de todos os portugueses, o Estado empreendeu uma intensa campanha de exaltação dos valores nacionais, através da consagração dos heróis e do passado glorioso de Portugal e de valorização das produções culturais nacionais.

· Corporativo
- O Estado Novo pretendeu que toda a vida económica e social do país se organizasse em corporações (à semelhança do fascismo italiano).
- As bases do corporativismo foram lançadas por um conjunto de decretos governamentais, onde se destaca o Estatuto do Trabalho Nacional que estabelecia a organização dos trabalhadores portugueses em sindicatos nacionais e a organização dos patrões em grémios, de acordo com os respectivos ramos de actividade profissional. Grémios e sindicatos entender-se-iam na negociação das matérias laborais.
- No sector económico, além dos Sindicatos e dos Grémios, havia ainda as Casas do Povo, onde se faziam representar os patrões e trabalhadores rurais; as Casas dos Pescadores, associações de gentes do mar e seus empresários.
- Incluíam também instituições de assistência e caridade, denominadas como corporações morais, e ainda associações com objectivos científicos, literários e artísticos reconhecidas como corporações intelectuais.

· Repressivo – a liberdade amordaçada
- O exercício da autoridade implicou que o regime se rodeasse de um poderoso aparelho repressivo através do qual se subordinavam aos interesses do Estado os direitos e liberdades dos cidadãos, constitucionalmente reconhecidos.
- Através da instituição da Censura Prévia, era exercida uma rigorosa vigilância sobre todas as produções intelectuais que passava pela eliminação de tudo o que fosse considerado contra a ideologia do regime. Tratava-se de uma verdadeira ditadura intelectual.
- A polícia política, a PVDE (Policia de Vigilância e Defesa do Estado, mais tarde a tenebrosa PIDE), perseguia, prendia, torturava e matava quem manifestasse o mínimo sinal de oposição ao poder instituído, cometendo o total desrespeito pelos direitos do Homem e mesmo da constitucionalidade.

· Assente em estruturas de enquadramento das massas – a inculcação de valores
- Criado em 1933, o Secretário da Propaganda Nacional, habitualmente dirigido por António Ferro, desempenhou um papel muito activo na divulgação do ideário do regime e na padronização da cultura e das artes.
- Foi criada uma milícia armada para defesa do regime e combate ao comunismo – a Legião Portuguesa, organismo onde determinados funcionários públicos deviam estar arregimentados. Destinava-se a defender “o património espiritual da Nação”.
- Também foi criada a Mocidade Portuguesa, de inscrição obrigatória para os estudantes dos ensinos primário e secundário, destinava-se a ideologizar a juventude, incutindo-lhe os valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo.
- Em 1935 fundou-se a FNAT (Federação Nacional para a Alegria no Trabalho) que tinha como intenção, controlar os tempos livres dos trabalhadores, providenciando actividades recreativas e “educativas” norteadas pela moral oficial.
- Em 1936 surgiu a Obra das Mães para a Educação Nacional, destinada à formação das “futuras mulheres e mães”

UMA ECONOMIA SUBMETIDA AOS IMPERATIVOS POLÍTICOS

O carácter totalitário do Estado também se fez sentir na actividade económica e financeira. Sujeitar toda a produção e gestão da riqueza nacional aos interesses do Estado era um objecto constitucionalmente definido. Para o efeito, Salazar abandonou por completo o liberalismo económico e adoptou um modelo fortemente dirigista. Proteccionismo e intervencionismo, tendo em vista a auto-suficiência do país e consequentemente afirmação do nacionalismo económico, foram as principais características da economia do Estado Novo.

A PRIORIDADE À ESTABILIDADE FINANCEIRA

Em resumo, Salazar foi convidado para a tutela das finanças públicas com o objectivo de resolver as endémicas dificuldades financeiras e a sua afirmação política se ficou a dever ao sucesso das suas politicas na consecução do muito ambicionado equilíbrio orçamental.
Salazar impunha aos diversos ministérios uma rigorosa política de limitação de despesas, ao mesmo tempo que lançava sobre a população um conjunto de impostos tendo em vista o aumento da receita.
O “milagre” financeiro também se ficou a dever em muito à rejeição de Portugal entrar na Segunda Guerra Mundial por escolha de Salazar, que conseguiu assim evitar as inúmeras consequências negativas da participação na Guerra, assim como aproveitar as necessidades económicas dos países envolvidos para dinamizar alguns sectores ligados à exportação.

A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA

Fortemente ruralista, Salazar via nas actividades agrícolas, um dos meios mais poderosos para atingir a pretendida auto-suficiência económica. Empreendeu um conjunto de medidas de fomento das actividades agrícolas:
· construção de numerosas infra-estruturas tendo em vista facilitar a recuperação e aproveitamento de campos agrícolas;
· adopção de políticas de fixação de populações no interior rural;
· amplas campanhas de florestação;
· dinamização da produção dos bens mais tradicionais na alimentação portuguesa como a batata, o arroz, o vinho, o azeite e as frutas.
De todas as medidas agrícolas, a que mais impacto teve pelos objectivos e resultados foi a dinamização da produção de trigo, visando tornar o país auto-suficiente neste sector ainda fundamental da alimentação da população.

O CONDICIONAMENTO INDUSTRIAL

No âmbito da indústria, os primeiros anos do regime foram marcados pela persistência dos constrangimentos tradicionais do desenvolvimento do país:
· deficiente rede de comunicações;
· processos tecnológicos arcaicos;
· baixos níveis de produtividade;
· dependência das importações;
· falta de iniciativa por parte dos investigadores portugueses;
· manutenção de baixos salários.

A partir da década de 50 assistiu-se a algum desenvolvimento dos sectores tradicionais e ao arranque de sectores tecnologicamente mais avançados como a indústria cimenteira, refinação de petróleos, construção naval, adubos químicos e energia eléctrica.
Não podemos, todavia, falar de um forte arranque da indústria portuguesa. Os constrangimentos eram agora também de índole política. Efectivamente, o incipiente desenvolvimento industrial do país explica-se pelo carácter ruralista do regime e pela excessiva presença do Estado no controlo da indústria nacional e na regulação da actividade produtiva em prejuízo da liberdade dos agentes económicos.

AS GRANDES OBRAS PÚBLICAS

A implementação de amplos programas de obras públicas foi também em Portugal, tal como na Itália e na Alemanha, a manifestação mais visível do desenvolvimento do país. Pretendia-se também dar uma imagem nacional e internacional de modernização de Portugal, e ao mesmo tempo, resolver o problema do desemprego.
Em consequência, melhorou-se a rede de estradas, os portos marítimos, a rede telefónica nacional; edificaram-se grandes complexos desportivos, complexos hidroeléctricos, edifícios de serviço público; deu-se particular atenção aos monumentos históricos.

A POLÍTICA
As colónias desempenharam uma dupla função no Estado Novo. Foram um elemento fundamental na política de nacionalismo económico e um meio de fomento do orgulho nacionalista.
No primeiro caso, porque realizavam a tradicional vocação colonial de mercado para o escoamento de produtos agrícolas e industriais metropolitanos e de abastecimento de matérias-primas a baixo custo.
No segundo caso, porque constituíam um dos principais temas da propaganda nacionalista, ao integrar os espaços ultramarinos na missão histórica civilizadora de Portugal e no espaço geopolítico nacional.
A vocação colonial do Estado Novo motivou, logo em 1930, a publicação do Acto Colonial, onde eram clarificadas as relações de dependência das colónias e se limitava a intervenção que nelas podiam ter as potências estrangeiras.
Para a consecução do segundo objectivo, o regime levou a cabo diversas campanhas tendentes a propagandear, interna e externamente, a mística imperial (como se o império fosse a razão da existência histórica de Portugal).

O PROJECTO CULTURAL DO REGIME


O projecto cultural do Estado Novo também foi submetido aos imperativos políticos, à semelhança do que acontecia nos regimes totalitários do resto da Europa. Quer dizer que, também em Portugal, a liberdade criativa que caracterizou os primeiros anos do século XX, deu lugar a uma criação artística e literária fortemente condicionada pelos interesses políticos.
Ora, os interesses políticos eram, por um lado, evitar os excessos intelectuais que pusessem em causa a coesão nacional e, por outro, dinamizar uma produção cultural que propagandeasse a grandeza nacional.
Para controlar a liberdade criativa foi instituída a censura prévia que submetia os autores portugueses a uma autêntica ditadura intelectual.
Para enquadrar ideologicamente a cultura foi instituído o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) tutelado por António Ferro. António Ferro apresentava-se como:
- um homem de cultura, mas de simpatias controversas: fascista convicto conservador nas suas ideias;- patrocinador do movimento modernista português, portanto, vanguardista nas práticas culturais.
Ao Secretariado da Propaganda Nacional coube conciliar a estética moderna com os interesses do Estado de forma a inculcar na mentalidade portuguesa o amor à Pátria, o culto do passado glorioso e dos seus heróis, a consagração da ruralidade e da tradição, as virtudes da família, a alegria no trabalho, o culto do chefe providencial, ou seja, o ideário do Estado Novo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A CULTURA E O DESPORTO AO SERVIÇO DOS ESTADOS

A dimensão social e política que marcou a cultura dos anos 30 fez-se sentir com particular intensidade nos estados totalitários. As ditaduras compartilharam o mesmo objectivo de colocar a cultura ao serviço do poder, procurando assegurar que a criação intelectual contribuísse eficazmente para a construção da “ordem nova” que defendiam.

Democráticos ou totalitários, nenhum regime dispensou os novos veículos de informação nos seus programas de intervenção política.

Os progressos técnicos verificados na imprensa, na rádio e no cinema foram aproveitados pelos poderes políticos:
- se democráticos, para promoverem o desenvolvimento da consciência cívica dos cidadãos no sentido de os empenharem cada vez mais nas questões de interesse publico e de os levar a aderir de forma racional às diversas opções propostas;
- se totalitários, para institucionalizarem a divulgação propagandística da sua acção governativa, com o objectivo de impor uma orientação ideológica nacionalista, tendo em vista a mobilização e a arregimentação da população, num quadro político-social nacional onde não haja lugar à diversidade ideológica.

A ARTE AO SERVIÇO DA PROPAGANDA POLÍTICA

Com a emergência e afirmação dos regimes totalitários, a liberdade criativa que caracterizou os primeiros anos do século XX deu lugar a uma criação artística fortemente condicionada pelos interesses políticos.
Com Estaline na URSS, os artistas e homens de letras são obrigados a agruparem-se em cooperativas de intelectuais, e a seguir, na sua actividade de criação literária e plástica, os parâmetros definidos pelo Estado. Aos criadores compete enaltecer concretamente as conquistas do proletariado, os êxitos económicos resultantes da economia colectivizada e planificada, o empenhamento dos trabalhadores na construção do Estado socialista, a excelência do centralismo democrático, as grandes obras do Estado e, claro, a figura do chefe.
Nos Estados totalitários conservadores, são idênticos os objectivos da criação artística, mas, colocada ao serviço dos valores nacionais, a superioridade da raça ariana, na Alemanha, ou a grandeza do povo romano, na Itália, por exemplo.

A POLITIZAÇÃO DO DESPORTO

Também a prática desportiva cedo deixou de ser uma actividade de lazer descomprometida para dar lugar a manifestações de afirmação nacionalista.
A disputa levada a cabo pelos competidores, identificados pelos símbolos nacionais, passou a representar a disputa nacionalista dos países por que competiam. Deste modo, a superioridade desportiva verificada nas diversas modalidades identificava-se com a superioridade das Nações em competição, tão frenética era a aclamação das vitórias por parte das multidões.

O FUNCIONALISMOS NA ARQUITECTURA

A consciência colectivista que marcou a cultura entre as duas guerras manifestou-se também na arquitectura. Numa Europa destruída, os governos viram-se na necessidade de reerguer numerosos edifícios e de realojar os seus cidadãos. Impunha-se uma construção simples, barata mas digna.
Existia, nesta época, a convicção de que só um planeamento eficiente, altamente racionalizado, podia suprir as carências habitacionais e gerar o bem-estar e a felicidade de todos.
Define-se assim por Funcionalismo, o conjunto de soluções arquitectónicas inovadoras que marca o início de uma arquitectura verdadeiramente moderna. O funcionalismo une estreitamente a forma e a função numa economia de custos e racionalidade de linhas, pondo em evidência a estrutura volumétrica dos edifícios.

O Primeiro Funcionalismo

A revolução estética do inicio do século tinha preparado as mentalidades e os arquitectos para a necessária revolução arquitectónica. Walter Gropius construíra a célebre Fábrica Fagus que suscitou, na altura, dúvidas infundadas quanto à sua estabilidade. O certo é que a construção saiu muito mais barata do que a tradicional.
É também pela mão de Walter Gropius que se funda a Bauhaus, uma escola de artes de concepção inovadora que teve uma influência marcante no design e na arquitectura moderna. O carácter funcionalista das produções saídas da escola Bauhaus está patente não só nas concepções dos arquitectos a eles ligados, mas sobretudo na criação artística ao serviço das necessidades elementares do quotidiano. Foi com este movimento artístico que o design adquiriu o estatuto de arte, quando aplicado à criação de novos padrões de mobiliário e de vestuário.
No entanto, a renovação da arquitectura europeia ficou indissoluvelmente ligada à figura de Charles Edouard Jeanneret, arquitecto francês de origem suíça, mais conhecido como Le Corbusier. Le Corbusier foi a imagem da racionalidade na arquitectura modernista europeia.

O carácter racionalista do funcionalismo de Le Corbusier está patente:
• na nova concepção do espaço, o espaço concebido à dimensão do Homem. A casa deve ser concebida e planeada conforme o tamanho que a sua função exigisse;

• na assunção do principio de que cada elemento arquitectónico de uma construção deve assumir a sua função, deve ser prático, de tal forma prático que a casa deve ser concebida como uma “máquina de habitar”;

• na geometrização cubista da composição do espaço da construção, o que pressupõe a simplificação dos volumes e a redução das construções a sólidos geométricos cujo volume, à boa maneira cubista, é perceptível de um único ponto de vista;

• na concepção de fachadas, rasgadas por amplas janelas, que, no seu conjunto, dão a ilusão de uma janela contínua que inunda o interior de ar e de luz natural;

• introdução da cobertura plana que coloca a casa directamente em contacto com o exterior e cuja funcionalidade se traduz no seu aproveitamento com espaço de lazer;

• elevação do edifício sobre pilares, o que permite também o aproveitamento do espaço sobre o qual a casa parece suspensa para embelezamento da área de construção;

• na contenção decorativa e na sobriedade das formas. O branco, por exemplo, é a cor dominante em paredes lisas;

• na preocupação em construir para resolver problemas da habitação das cidades europeias que o levou a conceber as “unidades de habitação” – complexos predominantemente habitacionais urbanos;

• na integração de outras funções e actividades complementares nos edifícios predominantemente residenciais

O segundo Funcionalismo

No decurso da década 30, a arquitectura funcionalista sofreu uma crescente contestação. Acusavam-na de excessiva rigidez e de traçar gélidos planos de casas despersonalizadas. É desta forma que o novo estilo perde muito do seu carácter inovador e esgota-se em repetições de fórmulas preestabelecidas.
Através de Frank Wright, arquitecto americano, criador da arquitectura orgânica, adopta-se a sua ideia de que era possível conceber construções à medida do Homem, não só à medida física, mas também à medida espiritual.

A sua obra reflecte os princípios fundamentais da arquitectura organicista:

• a concepção do edifício como um ser vivo que vai crescendo segundo as leis biológicas, isto é, na sua construção o edifício cresce em harmonia com o ambiente natural que se insere;

• a individualidade de cada solução, pois cada caso era singular e único, do que resultava a rejeição da sobreposição de andares nos edifícios urbanos;
• a assimetria, a diversidade e a originalidade deveriam ser as determinadas da composição e da organização do espaço;

• a busca da relação entre o espaço interior e exterior, sendo as formas exteriores do edifício determinadas em função do livre planeamento do espaço interior;

• recurso a materiais inovadores e a novas tecnologias construtivas, com preferência para os materiais característicos da região onde o edifício se insere;

• a preferência pela habitação unifamiliar, concebida como refugio e lugar de recolhimento dos seus residentes.

AS PREOCUPAÇÕES URBANISTICAS

A renovação arquitectónica pretendia pelos funcionalistas, não podia dissociar-se da cidade no seu todo.
Há muito que o crescimento populacional fraccionara os pólos urbanos. A cidade do século XX era constituída por vários aglomerados, muitas vezes distribuídos de uma forma anárquica, que os funcionalistas procuraram reorganizar segundo critérios de racionalidade.
Os debates sobre arquitectura e urbanismo originaram a primeira Conferencia Internacional de Arquitectura Moderna (CIAM), que foi seguida de muitas outras.
Depois de uma análise crítica de diversas cidades, as conclusões da conferência foram publicadas na célebre Carta de Atenas, que se tornou numa espécie de guia do urbanismo funcionalista. Segundo a Carta, a cidade deve satisfazer quatro funções principais: habitar, trabalhar, recrear o corpo e o espírito, e circular. Numa lógica estritamente funcionalista cada uma destas funções ocuparia uma zona específica da cidade. As três zonas articular-se-iam por uma eficiente rede de vias de comunicação.
Embora estas propostas tenham sido, posteriormente, consideradas demasiado racionalistas e redutoras, a Carta teve o mérito de colocar as questões sociais no centro do planeamento urbano.

AS PREOCUPAÇÕES NA LITERATURA E NA ARTE

Em meados dos anos 20, fazia-se já sentir um certo cansaço relativamente às audácias da arte e da literatura modernas. Acusavam-nas de uma ânsia de originalidade a qualquer preço, de se lançarem em pesquisas excessivamente especializadas, de se tornarem incompreensíveis para o grande público, não contribuindo, por isso, para a vida da colectividade.
Numa Europa marcada ainda pelas dificuldades do pós-guerra e com os olhos postos na Revolução Soviética, cresceu o sentimento de que a literatura e a arte não possuíam um valor puramente estético mas tinham também uma missão social a cumprir. A profunda crise económica desencadeada em 1929 veio avolumar este sentimento.

A DIMENSÃO SOCIAL DA LITERATURA

As temáticas psicológicas ligadas à vida interior, que tinham feito escola nos anos do pós-guerra, deixaram de interessar alguns escritores dos anos 30. A depressão económica gerada nos excessos do capitalismo liberal proporcionou-lhes novas motivações e novas temáticas – a realidade material da condição humana.
São os tempos do Neo-Realismo ou Realismo Social. Os assuntos relacionados com as condições socioeconómicas dos trabalhadores e a análise da luta de classes, tratados numa linha ideológica marxista, visando denunciar o fenómeno da exploração capitalista do trabalho, constituíam temas privilegiados pelos autores neo-realistas. A literatura passa a associar as preocupações com os novos problemas sociais e políticos:
• os protagonistas deixam de ser personagens singulares e tornam-se tipos sociais.
• o tema fundamental era a luta entre exploradores e explorados, uma criação em que o burguês capitalista representa todo o mal humano e em que o proletário simboliza a defesa das verdade histórica e da justiça.
Com a ascensão dos regimes totalitários e com os problemas políticos gerados pela eclosão da Segunda Guerra Mundial, acentua-se o carácter social da nova produção literária que ganha também uma dimensão política na denúncia romanceada das agressões à democracia e ao socialismo ou ao apoio aos respectivos regimes.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A DIMENSÃO SOCIAL E POLÍTICA DA CULTURA

A Cultura de Massas







Nos anos 30, a massificação da cultura é uma consequência das alterações que se operaram nos modos de vida nas grandes metrópoles. Fomentada pelos governos democráticos e amplamente divulgada pelos mass media, surge como uma cultura de evasão muitas vezes associada ao lazer e ocupação de tempos livres e que, por isso, tem como grande objectivo proporcionar a fuga à rotina e aos problemas do quotidiano doméstico e profissional.
Sendo assim, a cultura de massas apresenta-se como uma cultura:
• estandardizada e produzida em série nas suas múltiplas formas, como qualquer bem de consumo;
• democrática, pelos baixos preços a que é lançada no mercado;
• efémera, uma autentica cultura descartável, com o objectivo de proporcionar prazer imediato;
• que aborda os temas de maneira superficial, sem grande preocupações literárias ou estéticas;
• que visa apaziguar tensões e angustias geradas no quotidiano laboral;
• que visa homogeneizar um tipo de pessoa média, pelo inculcação de valores e de modelos comportamentais, através da publicidade e do marketing.
Os mass media divulgavam-nos cada vez mais, fazendo dos temas desportivos um produto jornalístico consumido pela sociedade urbana.

OS MEDIA, VEÍCULO DE MODELOS SOCIOCULTURAIS

Por mass media entende-se o conjunto dos meios de comunicação capazes de transmitir grande quantidade de informação a grandes quantidades de população.
Na primeira metade do século, a imprensa, a rádio e o cinema, fizeram chegar todo o tipo de mensagens a camadas cada vez mais vastas da população, afirmando-se como os grandes veículos de difusão dos valores e das normas de comportamento.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

OS GOVERNOS DE FRENTE POPULAR E A MOBILIZAÇÃO DOS CIDADÃOS


O intervencionismo do Estado permitiu às democracias liberais, como a americana, resistirem à crise económica e recuperarem a credibilidade política.
Na Inglaterra:
Em 1936, o incidente da crise dinástica que levou à abdicação de Eduardo VII e a ascensão nazi na Alemanha fizeram com que os Ingleses começassem a temer os avanços de direita no xadrez político internacional. Por iniciativa dos Trabalhistas, formou-se então uma “frente popular” que coligou os partidos de esquerda, mas teve curta duração. Entretanto, e face à ameaça nazi, optou-se por um governo de “união nacional”, onde se encontravam incluídos todos os partidos com representação parlamentar, dos Liberais aos Trabalhistas que conviveram democraticamente e alternaram no poder. Na França:
Em 1936, os socialistas ganharam as eleições e formaram um governo de coligação de esquerda, denominado de Frente Popular, que obteve o apoio de radicais e comunistas. Na chefia da Frente Popular foi levado a cabo um programa de reformas sociais, no campo do trabalho e da assistência, e de desarmamento e pacificação. Foi o governo da Frente Popular que introduziu as primeiras grandes reformas de carácter social. Tentando acalmar as reivindicações sindicais e a onda grevista, o governo encetou negociações entre o patronato e os delegados da Confederação Geral dos Trabalhadores, das quais resultaram o reconhecimento da liberdade sindical, a obrigatoriedade de celebração de contratos colectivos de trabalho e a subida de salários. Por outro lado, promoveu o desenvolvimento dos tempos livres e do lazer, criou os organismos de cultura popular. No plano económico, a Frente Popular francesa preocupou-se com a recuperação da agricultura, procurando conciliar os interesses dos produtores e dos consumidores, regulamentando a produção e tabelando os preços. Contudo, a Frente Popular francesa encontrou grande oposição interna e um clima internacional complicado, razões que explicam que parte destas medidas tivesse ficado por aplicar. Na Espanha:
Também a Espanha conheceu, nesse período, um governo de Frente Popular que estabilizou momentaneamente a agitação social, sindical e politica sentida após a implementação da Republica e causada, em boa parte, pelo activismo da oposição monárquica e conservadora. Face ao perigo da direita, os partidos de esquerda formaram uma coligação, que se denominou Partido Operário de Unificação Marxista (POUM). O POUM ganhou as eleições, iniciando uma politica de reformas: · legalizou o direito à greve; · legislou a favor do aumento do salário; · promoveu a ocupação de terras não cultivadas e de fábricas mal geridas. Para além disso, realizou a separação entre a Igreja e o Estado. Em conjunto de medidas desagradou aos sectores mais conservadores que se uniram na Frente Nacional para realizarem a oposição ao governo de Esquerda. O antagonismo entre as duas “frentes” agudizou-se após o assassinato do general Calvo Sotelo, episodio que despoletou a Guerra Civil Espanhola, tendo dado a vitória às forças da Frente Nacional, onde se instaurou um governo ditatorial, fasciszante e corporativo, semelhante ao que o Estado Novo estabeleceu em Portugal.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A RESISTÊNCIA DAS DEMOCRACIAS LIBERAIS

O avanço das políticas totalitárias, porém, não se verificou nos países de maiores tradições democráticas (Inglaterra, França, EUA) que irão procurar soluções para ultrapassar a crise dos ano 30 no quadro do demoliberalismo.

O INTERVENCIONISMO DO ESTADO

A depressão dos anos 30 revelou as fragilidades do capitalismo liberal. Até então acreditava-se na livre iniciativa, na livre produção e na livre concorrência como capazes de proporcionarem a riqueza social. Interpretavam-se as crises cíclicas como reajustamentos naturais entre a oferta e a procura, que por si se resolveriam. E, destes princípios, decorreria a velha máxima liberal de que a regulação das actividades económicas por parte do Estado era absolutamente desnecessária.
As proporções adquiridas no mundo pela crise de 1929 provocaram, porém, o contrário. O economista britânico Jonh Keynes duvidou da capacidade auto-reguladora da economia capitalista, chamando a atenção para a necessidade de um maior intervencionismo (papel activo desempenhado pelo Estado no conjunto das actividades económicas a fim de corrigir os danos ou os inconvenientes sociais derivados da aplicação estrita do liberalismo económico) por parte do Estado.
Keynes criticou as políticas deflacionistas que evitavam as despesas do Estado e combatiam a massa monetária em circulação. Keynes, que cria nas vantagens de uma inflação controlada, defendia uma política estatal de investimento, de luta contra o entesouramento e de ajuda às empresas. Só assim se resolveria o desemprego crónico e se relançariam a procura e a produção de bens.
Concluindo, segundo o Keynesianismo, ao Estado deveria caber um papel activo de organizador da economia e de regulador do mercado e jamais o de simples auxiliar dos homens de negócios.

O New Deal:

Em 1932, os Estados Unidos da América elegeram um novo presidente, o democrata Franklin Roosevelt, que se propôs tirar o país da crise. Influenciado por Keynes, Roosevelt decidiu-se pela intervenção do Estado federal na economia americana, pondo em prática um conjunto de medidas que ficaram conhecidas pelo nome de New Deal (expressão pela qual ficaram conhecidas as reformas e iniciativas económicas e sociais implementadas pelo presidente dos EUA, Roosevelt, a partir de 1933. Assentou numa forte intervenção na Banca e nos créditos como forma de ultrapassar a Grande Depressão).
Numa primeira fase, o New Deal tinha como objectivo a superação dos efeitos da Grande Depressão gerada pela crise de 29. As primeiras preocupações visaram:

· na redução do problema do desemprego, e para isso o Governo adoptou rigorosas medidas financeiras;
· empreendeu uma politica de grandes obras publicas;
· lançou um programa de controlo de produção agrícola e industrial.

Numa segunda fase, tinha como principal objectivo a promoção e a garantia do bem-estar dos cidadãos americanos, tendo-se instituído o Estado de Providência (Welfare State – um estado interveniente que promove a segurança social e assegura a felicidade e bem-estar dos cidadãos, assim como o seu poder de compra, como condição de desenvolvimento económico nacional) e criando-se uma nova concepção de Estado que tinha como dever e preocupação assegurar o bem-estar e felicidade dos cidadãos como condição de desenvolvimento económico (ao contrario das doutrinas liberais).
É nessa mesma altura que se estabelece a Lei de Wagner, que traduz uma intensa legislação social, de que se destaca a instituição da reforma por velhice e invalidez; do fundo público de desemprego e auxilio aos necessitados; do salário mínimo; da duração do horário semanal de trabalho, entre outros.
A política do New Deal permitiu uma recuperação económica (1939), apesar da recaída de 1937, que fez a economia regressar aos níveis de 1929. Conseguindo evitar perturbações sociais, garantindo a manutenção do sistema capitalista e da democracia liberal.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O ESTALINISMO


Após a morte de Lenine, gera-se um problema de sucessão entre dois destacados membros da Direcção do Partido Comunista:
- Trotsky: líder carismático da revolução bolchevique;

- Estaline: comissário do Povo para as Nacionalidades e mais tarde, secretário-geral do partido de paz.

Das duas estratégias propostas para os destinos políticos do Estado Soviético, venceu a tese proposta por Estaline que defendia a necessidade de consolidar a revolução primeiro na URSS, e só depois partir para a sua internacionalização.

Uma vez no poder, toda a sua acção política foi norteada por dois grandes objectivos:
- a construção da sociedade socialista;

- a transformação da Rússia numa grande potência mundial.
Conseguiu a concretização destes através da colectivização dos campos, da planificação económica e do totalitarismo repressivo do Estado.

COLECTIVIZAÇÃO E PLANIFICAÇÃO DA ECONOMIA

A construção da sociedade socialista foi feita através de um regime totalitário, pela violência e pela força, centrado na colectivização dos campos e na planificação económica.
Lenine interrompeu o processo liberalizador instituído com a NEP e arrancou irreversivelmente para a nacionalização de todos os sectores da economia. Quase não havia propriedade privada na Rússia. O Estado apropriara-se da terra, do subsolo, das instalações fabris, do comércio, de capitais e de outros rendimentos de trabalho, transformando antigos proprietários em simples assalariados.
A oposição a este processo por parte dos kulaks e dos nepman provocou a repressão em massa da população de que resultaram milhões de mortos e deportados para campos de trabalho forçado em mais uma manifestação de força e autoridade do centralismo democrático estalinista.
Eliminada a propriedade privada dos meios de produção, o Estado soviético, seu único detentor em representação dos trabalhadores, implanta uma rigorosa planificação da economia.

A propriedade rural foi organizada segundo dois tipos de propriedade (quintas colectivas/cooperativas de produção) apoiados por parques de máquinas:
· Kokhoses – correspondiam a grandes propriedades agrícolas colectivas trabalhadas pelos camponeses, geralmente da mesma região, em regime cooperativo, sob administração de delegados do partido;
· Sovkhoses – grandes propriedades dirigidas directamente pelo estado, para qual a mão-de-obra trabalhava na qualidade de assalariado,

O comércio foi organizado à semelhança da propriedade rural em cooperativas de consumo local ou em grandes armazéns estatais.

A indústria foi o sector onde mais se fez sentir o rigor da planificação. Estaline desenvolveu uma planificação económica, denominada de Planos Quinquenais, com duração de cinco anos, onde estabeleceu os objectivos a atingir em cada etapa de crescimento:

- no primeiro plano (entre 1928 e 1933), deu prioridade absoluta à industria pesada. Pretendia proceder à criação dos sólidos fundamentos de futuros programas industriais que garantissem a independência económica do país. Fomentou a construção de grandes complexos siderúrgicos, hidroeléctricos, fabris, de redes de comunicações, exploração de matérias-primas e produção de alimentos;
- no segundo plano (1933 a 1938), o objectivo foi o desenvolvimento da industria ligeira e alimentar, de forma a proporcionar melhor qualidade de vida às populações;
- o terceiro plano, previsto para os cinco anos seguintes, visava o sector energético e as industrias químicas, mas foi interrompido em 1939 com o começo da Segunda Guerra Mundial.

Os planos forma retomados depois da guerra, mas os objectivos foram de recuperação económica do país e a investigação científica, no ambiente de Guerra Fria.
A concretização e o sucesso dos planos construíram outra manifestação da autoridade central. Com efeito, considerando as dificuldades estruturais em que decorreu, a industrialização estalinista só foi possível:
· através de uma forte disciplina que passava pela imposição de trabalhos forçados;
· por deportações em massa de trabalhadores através da instituição de prémios, que podiam ir até à glorificação pública;
· pela propaganda que instituiu o culto a Estaline e ao Estado soviético.

O TOTALITARISMO ESTALINISTA
O Estado estalinista revelou-se omnipotente e totalitário:
- Todas as regiões foram russificadas e submetidas a Moscovo.
- Os cidadãos viram-se privados de liberdades fundamentais.

Toda a sociedade ficou enquadrada em organizações que a vigiavam, desde os jovens, inscritos nos Pioneiros e, depois, nas Juventudes Comunistas, aos trabalhadores, obrigatoriamente filiados nos sindicatos afectos ao Partido Comunista.
- Só o Partido Comunista monopolizava o poder politico: às eleições apenas se apresentavam os candidatos por ele propostos; por sua vez, o centralismo democrático permitia-lhe o controlo dos órgãos do Estado.
- A superintendência da economia cabia ao Estado: fazia-o através da colectivização e da planificação.
- A própria cultura foi obrigada a exaltar a grandeza do Estado soviético e a render culto à personalidade do seu chefe, Estaline.
Com efeito, com Estaline, o centralismo democrático evoluiu para a ditadura. Mas não foi para a ditadura do proletariado, como propunham as teses marxistas, foi para a ditadura do Partido Comunista.
A partir de 1924, Estaline empreendeu uma maquiavélica perseguição a todos os que revelassem possibilidades de lhe fazer oposição. Levando a cabo sucessivas purgas, através de processos obscuros, eliminou todos os potenciais concorrentes ao poder, incluindo antigos e importantes intervenientes no processo revolucionários, conseguindo que praticamente todos fossem afastados do partido.
O Partido Comunista transformou-se, pois, num partido de quadros, profundamente burocratizado e disciplinado, o que facilitava o reforço dos poderes do Estado.
O Estado totalitário, alicerçado na ditadura do Partido Comunista, aguentou-se à custa de uma repressão brutal, levada a cabo pela NKVD, a nova polícia política. A partir de 1934, a URSS enveredou pela repressão crónica, caracterizada pelas purgas e pelos processos políticos.
Até ao fim da década, dois milhões de pessoas sofreram a deportação para os campos de trabalhos forçados e setecentas mil foram executadas. A ditadura estalinista ficaria associada a um dos regimes mais despóticos da História da Humanidade.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

AS OPÇÕES TOTALITÁRIAS



Com o fim da Primeira Guerra Mundial, parecia que a democracia liberal se ia impor em todos os países da Europa. Na realidade, porém, o período entre as duas guerras acabou por ser um período negro para a demografia europeia, fruto dos problemas deixados pela guerra (inflação, desemprego, bolchevismo/comunismo).
Por toda a parte, desenvolveram-se os movimentos políticos de extrema-direita favoráveis ao autoritarismo, isto é, movimentos políticos que atacavam a democracia parlamentar e propunham a implantação de ditaduras. Na Rússia soviética, o totalitarismo adquiriu uma feição revolucionária: nasceu da aplicação do marxismo-leninismo e culminou no estalinismo. Já na Itália e posteriormente na Alemanha, o Estado totalitário foi produto do fascismo e do nazismo e revestiu um cariz mais conservador.

OS FASCISMOS: TEORIA E PRÁTICAS

Dos movimentos de extrema-direita europeus, o primeiro a conseguir tomar o poder foi, o Partido Nacional Fascista, em Itália. A expressão fascismos passou, depois, a ser usada de forma mais geral para caracterizar partidos e regimes políticos de outros países, com semelhanças com o exemplo Italiano. As características fundamentais do fascismo eram:


ELITES E ENQUADRAMENTO DAS MASSAS

Homens providenciais ou super-homens, os chefes foram promovidos à categorização de heróis. Simbolizavam o Estado totalitário, encarnavam a Nação e guiavam os seus destinos. Deviam ser seguidos sem hesitação, prestando-se-lhes um verdadeiro culto que raiava a idolatria.
Mas as elites não incluíam apenas os chefes. Delas faziam parte a raça dominante, os soldados e as forças militares, os filiados no partido, os homens de uma forma geral. Consideradas cidadãs inferiores, às mulheres nazis, que estavam destinadas a vida de lar e a subordinação ao marido.
Numa sociedade profundamente hierarquizada e rígida, as elites mereciam o elevado respeito das massas. Em todos os locais, cabia-lhes veicular a ideologia dominante, assegurar o cumprimento estrito da ordem, manter a Nação submissa.
A obediência cega das massas obedeceu a pratica fascista, totalmente avessa a qualquer manifestação de vontade individual e de espírito crítico. Começava logo nos primeiros anos com a integração das crianças em organizações. Na Itália, depois de passarem por sucessivos escalões de formação, os jovens integravam, a partir dos 18 anos, as Juventudes Fascistas. Na Alemanha, entravam nas Juventudes Hitlerianas. Eram desta forma dada uma forte inculcação de valores nacionalistas e anticomunistas nas crianças e jovens.

A arregimentação de italianos e alemães prosseguia na idade adulta, deles esperando a total adesão e a identificação com o fascismo. Contava-se, para efeito, com diversas organizações de enquadramento de massas:
· o Partido Único (Nacional-Fascista – na Itália; Nacional Socialista – na Alemanha), cuja filiação se tornava indispensável para o desempenho das funções publicas e militares e de cargos de responsabilidade;
· a Frente do Trabalho Nacional-Socialista e as corporações italianas, que forneciam aos trabalhadores condições favoráveis na obtenção de emprego (substituíram os sindicatos livres, entretanto proibidos)
· a Dopolavoro na Itália e a Kraft durch Freud na Alemanha, associações destinadas a ocupar os tempos livres dos trabalhadores com actividades recreativas e culturais.

O Estado totalitário fascista investiu muito no controlo das mentes e das vontades. A propaganda mostrou-se como um forte auxilio. Uma gigantesca máquina de propaganda, apoiada nas então modernas técnicas audiovisuais, promovia o culto ao chefe, publicava as realizações do regime e submetia a cultura a critérios nacionalistas e até racistas.

O CULTO DA FORÇA E DA VIOLENCIA E A NEGAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS


A violência esteve no âmago do fascismo e do nazismo. Ambas as ideologias repudiavam o legado racionalista e humanista da cultura ocidental.
A violência acompanhou, desde o inicio, a prática fascista. Na Itália, ainda Mussolini não conquistara o poder e já os esquadristas semeavam o pânico. Só mais tarde, os esquadristas foram reconhecidos oficialmente como milícias armadas do Partido Nacional-Fascista. Cabia-lhes vigiar, denunciar e reprimir qualquer acto conspiratório. Idênticas funções que competiam à policia politica.
O mesmo aparato repressivo e atentatório dos mais elementares direitos humanos à liberdade e à segurança teve lugar na Alemanha. O Partido Nacional-Socialista criou as Secções de Assalto (S.A.) e as Secções de Segurança (S.S.), milícias temidas pela brutalidade das suas acções.
Com a vitória do nazismo, as milícias e a polícia política (Gestapo) exerceram um controlo apertado sobre a população e a opinião pública. A criação dos campos de concentração, completou o dispositivo repressivo do nazismo. Administrados pela S.S. e pela Gestapo, neles se encerraram os opositores políticos.
O nazismo levou ao extremo o racismo que caracteriza ideologias fascistas. Os nazis acreditavam descender de uma raça superior, a raça ariana, a quem incumbia a obrigação de dominar o mundo pela eliminação das raças inferiores.

- A eugenia nazi
O primeiro objectivo do nazismo deveria ser a purificação da raça ariana pela selecção dos seus membros mais genuínos e eliminação dos impuros.
Para isso, desenvolveram profundos estudos para determinar as características da raça ariana e aplicaram as conclusões da analise dos tipos fisionómicos e mentais na depuração eugénica da raça. Isto é, encontrados os indivíduos perfeitos, machos e fêmeas eram acasalados e submetidos à aplicação rigorosa das leis da genética a fim de obter novos cidadãos dotados com as qualidades raciais superiores.
Ao mesmo tempo, deficientes mentais, doentes, portadores de qualquer deficiência ou debilidade eram esterilizados ou eliminados.

- O anti-semitismo
O passo seguinte da política racista alemã era preservar a pureza da raça pela eliminação das raças inferiores que a contaminavam. Entre todas, a mais inferior era constituída pelos judeus que acusavam de serem causadores de todos os males da sociedade. Por conseguinte, fizeram do seu extermínio um dos grandes objectivos políticos.
Numa primeira fase, os judeus foram segregados, boicotados, excluídos. Numa segunda fase, surgiram as primeiras investidas contra as suas pessoas e bens com destruições programadas dos seus locais de culto e de actividade económica, intensificando-se a sua segregação com o seu encerramento em guetos. Numa terceira fase, com o começo da Segunda Guerra Mundial, os judeus foram submetidos às mais humilhantes condições de trabalho e, finalmente, a um extermínio cientificamente preparado que se traduziu no genocídio de milhões de homens, mulheres e crianças nos campos de concentração.

A AUTARCIA COMO MODELO ECONOMICO

Os totalitarismos cresceram à medida que se agravavam as condições económicas e financeiras de uma Europa destruída pela guerra e cresciam as promessas de solução de todos os problemas por ideologias fortemente nacionalistas.
Uma vez no poder, os regimes totalitários fizeram da auto-suficiência económica e da resolução do problema do desemprego poderosos veículos de afirmação do nacionalismo político. Era o ideal de autarcia traduzido na adopção de políticas económicas fortemente intervencionistas através das quais as actividades produtivas eram colocadas ao serviço do Estado.

- Na Itália:
Ganhou particular relevância o controlo da economia pelo enquadramento de todas as actividades laborais nas corporações (página 93).
Paralelamente, Mussolini ficou ligado ao lançamento de amplas campanhas de produção envolvidas por poderosas e, por vezes, espectaculares manifestações de propaganda em que os trabalhadores eram exortados a trabalhar intensamente de forma a conseguir altos níveis de produtividade. As mais famosas foram a “batalha de trigo”, visando o aumento da produção deste cereal, e as campanhas tendo em vista a recuperação de terras para a agricultura e a construção de grandes obras públicas.
As actividades industriais e comerciais passaram também por um forte controlo do Estado, já nos anos 30, com o lançamento de programas de industrialização e de controlo do volume das exportações e importações.
Os resultados dos programas económicos italianos foram positivos, todavia, o desenvolvimento do país fora conseguido à custa de grandes sacrifícios da população, quer em trabalho, quer em impostos, quer em sujeição a rigorosos racionamentos do consumo.

- Na Alemanha:
Hitler não divergiu substancialmente das políticas económicas adoptadas por Mussolini. Tornar a Alemanha independente dos empréstimos estrangeiros pelo relançamento da economia e, ao mesmo tempo, resolver o problema de 6 milhões de desempregados foram a bandeira da propaganda que levou os nazis ao poder. Para o conseguir, Hitler levou a cabo uma politica de grandes obras públicas, como a construção de auto-estradas e outras vias de comunicação e desenvolvimento do sector automóvel, aeronáutico, químico, siderúrgico e da energia eléctrica.
Relevante no combate ao desemprego e na captação da simpatia dos grandes industriais alemães foi o relançamento da indústria militar e a reconstituição do exército e da força aérea, contrariando as imposições de Versalhes. Nos finais da década, a Alemanha estava plenamente remilitarizada e preparada para se lançar na conquista da Europa.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tendências culturais em Portugal: entre o Naturalismo e as Vanguardas. O Modernismo em Portugal

Dado o contexto político e social em que Portugal viveu nas primeiras décadas do séc. XX – crise da monarquia, implantação da república, participação na 1ª Guerra Mundial – tornou-se difícil acompanhar a evolução artística que decorria na Europa.
Por outro lado, os portugueses permaneciam ligados aos padrões estéticos tradicionais (pouco público consumidor de bens culturais – baixa alfabetização, falta de hábitos culturais e fraco poder de compra; gosto generalizado pelo naturalismo; atraso crónico português quanto aos movimentos culturais europeus).
Deste modo, nas primeiras décadas do séc. XX, Portugal continuava a viver as tendências culturais do século anterior, com apego à tradição (busca pela identidade nacional). Mas, seria no debate ideológico do início da República e no meio da natural agitação política, que se começariam a sentir “ventos de mudança”, ao nível da literatura e das artes.
Um grupo de escritores e pintores, bolseiros em Paris, onde se apaixonam pelos movimentos vanguardistas, vão constituir a geração dos modernistas portugueses.

1º Modernismo

Atacando a sociedade burguesa nos seus valores e gostos culturais, são marginalizados das exposições e publicações oficiais. Têm de recorrer aos seus próprios meios para se manterem à revelia das regras académicas.
Este movimento estético surgiu numa primeira fase em 1911 com a «Exposição Livre», em Lisboa, protagonizada por vários pintores bolseiros em Paris, cujas obras eram constituídas por naturezas-mortas, paisagens e retratos, sobretudo humorísticos, satirizando a situação política e social.
Caracterizou-se pelo culto da modernidade que dominou a mentalidade contemporânea. Os seus seguidores privilegiavam a novidade relativamente ao estabelecido, a aventura face à segurança. Apesar da modernidade ainda não ser muita, mas era já uma nova maneira de conceber a pintura (estilização formal dos motivos, contraste das cores, esbatimento da perspectiva) que escandalizaria o mundo artístico português da época. “Existe em França uma série de malucos em arte que inventa toda a espécie de extravagâncias…” crítica à exposição livre.
Com o início da 1ª Guerra Mundial, dá-se o regresso de um grupo de pintores, radicados em Paris - Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Santa Rita-Pintor. Criaram-se então dois núcleos culturais:
1- Em Lisboa, liderado por Almada Negreiros e Santa Rita a que se juntaram Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro tendo criado a revista ORPHEU – metáfora de uma geração de homens que querem esquecer o passado e centrar as suas atenções no futuro.
2- No norte, um outro grupo à volta de Eduardo Viana, os Delaunay e Amadeo de Sousa-Cardoso.
A saída da revista revela o inconformismo deste grupo de intelectuais face ao conservadorismo geral do país. Pretendem romper com as tradições culturais dominantes, dando a conhecer novas tendências como o Futurismo (eram opositores da República).
Foi neste contexto de rebeldia que aparece a Manifesto Anti-Dantas que surge como resposta às críticas feitas por Júlio Dantas ao grupo da revista “Orpheu”.
É assim, em 1915, que surge o 1.º Grupo Modernista, iniciado e impulsionado pela revista «Orpheu» que escandalizou o público que se mostrou chocado com as inovações que punham em causa o academismo tradicional. Surgiram apenas 2 números da revista, mas a estética modernista publicou outras revistas como «Portugal Futurista», em 1917 (n.º único).
Fernando Pessoa destaca-se com a sua criatividade poética que se transmite através do seu desdobramento em várias personagens (heterónimos) dos quais os mais conhecidos são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro Campos.

O 2.º Modernismo
Desenvolve-se entre 1927 e 1940 (Ditadura Militar e Estado Novo). O primeiro grupo vai-se desagregando e uma segunda geração de modernistas organiza-se em torno da revista coimbrã «Presença».
Fundada por José Régio, entre outros, este grupo revela-se céptico quanto aos princípios liberais e republicanos e defende a criação de um movimento artístico afastado das doutrinas partidárias. Adeptos do Intuicionismo e da Psicanálise, os escritores da Presença centram as suas obras em análises psicológicas e introspectivas.
Este afastamento político vai suscitar a desconfiança do regime salazarista que os tentará instrumentalizar para os seus fins propagandísticos. A recusa de alguns artistas levará à sua marginalização dos círculos intelectuais oficiais. Procuram, então, novos espaços para se manifestarem (exposições independentes, cafés – A Brasileira do Chiado, e clubes, para além da participação em revistas e periódicos.
A pintura dos anos 30 e 40 é sobretudo pautada por percursos individuais, destacando-se: Almada Negreiros (pintor, desenhador, romancista,…) e Abel Manta (retratista).
A submissão de outros irá condicionar a morte desta 2ª geração de modernistas.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Portugal no 1º Pós-Guerra


As dificuldades económicas e a instabilidade política e social; a falência da primeira República 1ª República

– 1910-1926 – período conturbado pelos graves problemas sociais, económicos e políticos (comuns à Europa pós-guerra – mergulhada em difíceis condições de vida)
Dificuldades económicas – herdadas de finais da monarquia – indústria atrasada e insuficiente (apesar de algumas melhorias – aumento e diversificação da produção – indústria pesada, conserveira – embora prejudicada pelas dificuldades em termos de vias e de transportes), comércio atrofiado e o predomínio da agricultura, a qual não produz o suficiente para o consumo interno (técnicas inadequadas, excessiva divisão da propriedade).
- Durante a República foram frequentes as desvalorizações da moeda, a balança orçamental deficitária, a escassez de produtos e a inflação.
- Com a entrada de Portugal na Guerra (Março, 1916) a situação económica agravou-se: especulação e racionamentos, crescimento da dívida pública e aumento do custo de vida.
Agitação e descontentamento social – esta situação era particularmente sentida pelos assalariados e classes médias, ameaçadas pelo desemprego e prejudicadas pelo custo de vida.
- as classes populares viviam na miséria, com empregos precários, baixos salários, sem protecção social – sujeitos à exploração do patronato. Daí que em 1919-20 renasça o sindicalismo português através de greves e manifestações, por vezes, com contornos violentos.
Governos republicanos tomam medidas – para apaziguar o operariado e a função pública: semana de 48 horas, seguro social obrigatório (doença, acidente, velhice) e construção de bairros operários
Burguesia não gosta destas medidas (cedências do governo) e face à situação que se agravara com a entrada na guerra, recua no seu apoio à República. Apesar de, muitas destas medidas não chegarem a ser aplicadas, o que ajuda a minar o prestígio da 1ª República.
Crescente instabilidade política – desde o início que a República sofreu a oposição ao regime:
A igreja – revoltada com o anticlericalismo dos republicanos (laicização do Estado – expulsão ordens religiosas, nacionalização bens da igreja, proibição do ensino religioso, registo civil obrigatório e a legalização do divórcio), e tendo o apoio de um país muito católico e conservador dá à 1ª República uma má imagem.
Os proprietários e capitalistas – descontentes com o carácter demasiado popular e social da legislação republicana, receosos de ondas de greves e ameaças bolcheviques, não se mostram interessados em colaborar com o regime.
As classes médias – cansadas da desordem e temendo o bolchevismo e a proletarização da sociedade, anseiam por um governo forte.
Toda esta instabilidade político-social foi-se agravando sem que a República velha (designação do período final da 1ª República) encontrasse as soluções convenientes. Sem grandes tradições democráticas, a República portuguesa caiu num excessivo parlamentarismo, devido ao elevado poder do Congresso, o que explica que, em 16 anos tivesses havido 45 governos, 7 Presidentes da República. As moções de censura aos Governos eram frequentes e provocavam a sua queda. Os partidos multiplicam-se, o próprio PRP (Partido Republicano Português) dissolve-se e dá origem a várias facções embora da mesma área política, das quais as mais importantes: Partido Democrático – chefiado por Afonso Costa; Partido Evolucionista de António José de Almeida; Partido Unionista ou União Republicana de Brito Camacho.
Mas ainda havia os Independentistas, os Socialistas, os Governamentais, os Reconstituintes, os Católicos, os Esquerdistas e os Monárquicos, entre outros. Com tantos partidos era difícil obter a maioria dos votos, sendo essa instabilidade governativa apontada como causadora da queda da 1ª República (1910-1926), a par do facto de todas as medidas estarem inquinadas, pois as pessoas desconfiavam das reais intenções. Um ambiente assim torna-se propício ao surgimento de soluções autoritárias que já tão divulgadas estavam na Europa desta época.
Foi por isso fácil o derrube da 1ª República através de um golpe de estado militar, em 28 de Maio de 1926, em que o General Gomes da Costa chefia uma marcha sobre Lisboa, colhendo adeptos ao longo do percurso. O Presidente da República, Bernardino Machado, renuncia ao cargo, abrindo caminho para uma nova vida política para Portugal.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

As novas concepções científicas


A descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas

No início do século XX, o pensamento dominante, apesar do aumento de vozes discordantes, era o do optimismo positivista, racionalista, que assentava na crença de que as sociedades iriam progredir ininterruptamente. Crença que foi brutalmente destruída pela ocorrência da 1ª Guerra Mundial, pois vem colocar em causa toda esta construção, revelando como, num momento de selvajaria, os homens esquecem toda a civilidade destruindo tudo o que havia levado anos a erguer. Desaparece assim esse Positivismo que impusera a ideia de que a ciência, através do método experimental, tinha respostas para todos os problemas da humanidade. Mas, no início do século XX, verifica-se uma reacção anti-positivista e anti-racionalista, devido às novas perspectivas de alguns cientistas (dando origem a uma nova mentalidade – relativista – em que a única certeza é de que não existem certezas) face ao conhecimento e à ciência:

Contrariando as certezas newtonianas, Einstein demonstra que a “verdade” científica não é universal - é o Relativismo (Doutrina científico-filosófica que afirma a impossibilidade do conhecimento ser absoluto, pois está sempre condicionado às circunstâncias sócio-culturais que o rodeia e às limitações do sujeito que conhece). Esta concepção afasta o determinismo e a previsibilidade dos factos e reconhece que o Universo é instável e misterioso, por isso não tem regras fixas mas probabilidades de resposta científica.

Esta teoria explicava, também que as neuroses (doenças psíquicas) são resultado de recalcamentos (traumas), isto é, impulsos, sentimentos, desejos, instintos naturais aprisionados no inconsciente pelas restrições da moral social. Partindo das experiências do médico francês, Jean Charcot que, através da hipnose, fazia o paciente libertar-se dos traumas, trazendo-os ao consciente, Freud criou um novo método terapêutico (tratamento), assente na livre associação de ideias que deviam fluir naturalmente à mente do doente com a ajuda do médico e na interpretação dos sonhos. Chegou à conclusão de que o comportamento humano também é comandado por impulsos inconscientes, escondidos na profundidade da mente humana (entre todos considerou como dominantes os impulsos sexuais – a libido).
As explicações psicanalíticas (lado irracional da natureza humana) foram conhecidas e muito apreciadas pelo público, em geral, e por intelectuais, em particular, contribuindo significativamente para justificar os novos comportamentos sociais (loucos anos 20) e inspirar alguns movimentos artísticos, ex: o surrealismo.



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Mutações nos Comportamentos e na Cultura (1ª metade do Século XX)

a) Transformações na vida e na cultura
Nas vésperas da 1ª Guerra Mundial verificava-se uma crescente concentração populacional que veio provocar significativas alterações na vida e nos valores tradicionais do mundo ocidental: um novo modo de viver e de convívio no meio da multidão.

I) Uma nova sociedade
Ao concentrar-se nas cidades, a população abandona hábitos e vínculos sociais anteriores e adquire novas formas de sociabilidade, num ambiente estranho e, por vezes, hostil. Este desenraizamento individual desumaniza e despersonaliza a vida urbana que segue um modelo estandardizado, ou seja, a vida urbana atinge a massificação (género de vida na cidade em que os comportamentos seguem normas, padrões e práticas, tornando as pessoas indiferenciadas) – saída para o emprego, uso dos meios de transporte, viver em apartamentos, compra dos mesmos produtos e realização das mesmas tarefas, nos tempos livres, por ex. (cafés, cinema, desporto).
Surge uma nova visão de ócio e forma de organizar os tempos e espaços dedicados ao lazer e lugares públicos de convívio: jardim, clubes nocturnos, esplanadas, etc. A racionalização e consequente redução do tempo de trabalho, assim como a melhoria do nível de vida, permitiram dispor de tempo e dinheiro para o divertimento e o prazer. Abriu-se um outro ciclo de solidariedade humana e convivência entre sexos, de modo mais ousado e livre, que rompeu com todas as regras sociais impostas até aqui. O ritmo de vida torna-se frenético e o gosto pela acção e pela velocidade é visível pela prática desportiva e uso do automóvel, no aparecimento de novos ritmos como o Jazz, o fox trot ou o charleston, que fazem moda para escândalo dos mais conservadores. As viagens e as férias democratizam-se.
Inicialmente, as mudanças limitavam-se às camadas superiores da sociedade, mas cedo se estendem às camadas inferiores, desejosas de imitar os novos padrões, veiculados pelo novo e poderoso meio de massas – o cinema, não esquecendo o rádio.

II) A crise dos valores tradicionais
O progresso e cultura que dava ao mundo ocidental uma superioridade na viragem do século foi posta em causa pela 1ª Guerra Mundial desmoronando toda a moral burguesa anterior, como referido anteriormente relativamente aos comportamentos.
A morte de milhões de soldados, a miséria e a destruição gerou um sentimento de desalento e descrença no futuro, afectando toda a sociedade. Por outro lado, a massificação da vida urbana, a laicização da sociedade e as novas concepções científicas e culturais são também responsáveis por esta ruptura no padrão de valores e comportamentos sociais vigentes.
Deu-se uma profunda crise de consciência que atinge todos os sectores da vida: na família (métodos anticoncepcionais levam ao controlo da natalidade e à sua redução), no casamento (regulamentação do divórcio torna o casamento mais instável), na moral sexual (dissocia-se da função reprodutora), na religião, no papel da mulher, em toda a conduta social (Anomia social – conjunto de comportamentos desviantes por parte de alguns indivíduos alheando-se das regras impostas pelo grupo – em que este chega a já não distinguir o certo do errado).

III) A emancipação da mulher
O novo papel que a mulher vai ocupar na sociedade é bem exemplo das alterações verificadas. Nos “Loucos Anos 20”, fruto da euforia do pós-guerra (procura de prazer e evasão – anos de recuperação económica, confiança no futuro, desejo de esquecer o horror da guerra), as jovens sobem as saias até ao tornozelo, cortam o cabelo à rapaz, e desafiam as convenções sociais (vida nocturna). No entanto, este foi apenas o lado escandaloso do nascente feminismo (luta levada a cabo pelas mulheres com vista a obter a igualdade de direitos para ambos os sexos) ou da emancipação da mulher.
Este movimento, iniciado nos finais do século XIX, começa por reivindicar certos direitos das mulheres casadas: propriedade dos bens, tutela dos filhos, acesso à educação e a uma carreira profissional, num esforço de tirar a mulher da posição secundária e subalterna que a obrigavam a ter na sociedade burguesa. Já no século XIX, a mulher lutava pelo direito ao voto – Sufragistas (defensoras do alargamento do voto às mulheres / sufrágio universal). Estas destacavam-se através de acções como manifestações e greves de fome.
Em Portugal, em 1909, surge a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e, em 1911, a Associação de Propaganda Feminina com os mesmos objectivos, salientando-se nomes como Ana Castro Osório e Carolina Beatriz Ângelo, entre outras.
As feministas utilizaram várias formas de chamar a atenção (moda, vestuário, cabelo, substituição do espartilho pelo soutien, etc.). Tudo o que significasse uma libertação da mulher em relação aos preceitos tradicionais. Inicialmente, alvo de escárnio e censura, após a 1ª Guerra, as mulheres rapidamente conquistaram as suas reivindicações. Para este facto, muito terá contribuído a força das mulheres e sua adaptação às circunstâncias trazidas pelo conflito mundial, pois estas tinham conseguido substituir o homem em praticamente todas as tarefas. Valorizando as pretensões das mulheres e dando-lhes autoconfiança. Assim, ao terminar o conflito, na maioria dos países, tinham já conseguido tudo aquilo porque haviam lutado antes.
Entre as principais conquistas dos movimentos feministas na final dos anos 20 destaca-se o reconhecimento às mulheres, em muitos países: do direito a votar e exercer funções políticas; pleno acesso aos cargos públicos; igualdade no quadro familiar e no trabalho; o convívio social e frequência dos espaços públicos e todas as conquistas na forma de vestir e apresentar.
É uma emancipação limitada a áreas sociais restritas, no entanto é um passo importante para o caminho que as mulheres terão de percorrer. Nas décadas seguintes verifica-se um certo retrocesso, com a mulher a voltar aos seus papeis mais tradicionais (esposa, mãe, dona de casa), para só nos anos 60 se começar a verificar uma mudança radical, muito por culpa da revolução sexual trazida pela pílula contraceptiva – uma invenção libertadora.
Embora ainda hoje existam algumas resistências, sobretudo na prática, à consignada igualdade da mulher.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A construção do modelo soviético


Outubro de 1917 foi o momento da criação do primeiro estado socialista no mundo, em resultado da transformação do império russo/Rússia em U.R.S.S. – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Pela primeira vez na História, as teses marxistas são aplicadas e dão origem a um regime político: a Ditadura do Proletariado como etapa para a construção de uma sociedade comunista.
a) A Rússia à beira das revoluçõesNo início do século XX, o imenso império russo vivia ainda à maneira feudal, em que 85% da sua população eram camponeses a trabalharem nas terras dos nobres (boiardos), a quem tinham de entregar 50% dos rendimentos. O operariado era escasso e vivia em más condições de vida e de trabalho.As vozes descontentes faziam-se ouvir nos diversos partidos políticos apesar da reduzida liberdade e perseguições à oposição:S.D./Sociais – Democratas – formado por intelectuais no exílio, como Lenine.S.R./Socialistas Revolucionários – operários e intelectuais defensores da socialização dos meios de produção.K.D./Constitucionais Democratas – burgueses apoiantes de um governo parlamentar.
Em 1903, divergências internas levaram o S.D. a dividir-se em Bolcheviques (maioria) – adeptos do Marxismo-leninismo (defendendo a criação de uma partido revolucionário de elite – comunista; envolvimento do proletariado na revolução; recurso à violência para concretizar a Ditadura do Proletariado) e Mencheviques (minoria) - adeptos do socialismo reformista.Enquanto estes partidos viviam na clandestinidade, o Czar Nicolau II governava autoritariamente rodeado de uma corte faustosa e corrupta.Em 1905, o descontentamento era generalizado como o demonstra o tristemente célebre Domingo Sangrento (chacina de 2000 pessoas das 200 mil que se manifestaram pacificamente em frente ao Palácio de Inverno em S. Petersburgo). Após este acontecimento, o Czar vê-se obrigado a acalmar os ânimos com algumas medidas liberais (convoca eleições para o Parlamento (DUMA) para elaborarem uma Constituição e são abolidos certos privilégios da nobreza. Mas com deputados fantoches e a constante dissolução da Duma, a revolta cresce e torna-se imparável com a entrada da Rússia na 1ª Guerra Mundial (Tríplice Entente).Devido à má preparação do exército, as derrotas sucedem-se com milhares de mortos e inválidos, desorganizando a já débil economia russa. Ao descrédito militar junta-se a agitação social com o desemprego, a falta de géneros, inflação e repressão.

Em 1917, estavam reunidas as condições para acontecer uma revolução (Revolução Burguesa), que estalaria em Fevereiro ascendendo a Burguesia ao poder, pondo fim ao czarismo e instaurando um regime republicano, na Rússia. Exigida a abdicação do Czar Nicolau II, os revolucionários constituem um Governo provisório constituído por Kerensky (S.R.) e pelo príncipe Lvov (K.D.) e mais nove membros.Paralelamente, formam-se Sovietes por todo o país (Conselhos locais de camponeses, operários, soldados e marinheiros que já existiam em 1905, mas entretanto desactivados e agora ressurgidos) liderados pelo Soviete de S. Petersburgo onde se destacará Lenine. Vive-se uma espécie de duplo poder – por um lado o Governo provisório e, pelo outro, os Sovietes adeptos do marxismo.O Governo esforça-se por impor uma democracia parlamentar, mas recusa retirar-se da 1ª Guerra e a distribuir terras aos camponeses. A população descontente, integra-se nos Sovietes, controlados pelos Bolcheviques, insurge-se e exige a retirada da guerra e a confiscação de terras ou então o derrube do Governo e a entrega do poder aos Sovietes. Estala deste modo uma nova revolução (Revolução de Outubro ou Revolução Bolchevique - 1917), liderada pelos Bolcheviques, constituídos em Guardas Vermelhos (espécie de milícias populares surgidas em 1905 e ressurgidas em 1917) que assaltam o Palácio de Inverno, em S. Petersburgo, sede do Governo Provisório, para assumirem o poder.Os Sovietes reúnem-se e designam o Conselho de Comissários do Povo, presidido por Lenine, sendo Trostky o Comissário de guerra e Estaline o Comissário das nacionalidades. Estava cumprido o desígnio de Marx – a luta de classes traduzia-se na revolução e levara o proletariado ao poder.Com o poder nas mãos dos Sovietes são de imediato tomadas medidas revolucionárias que vão de encontro às aspirações da população, sua base de apoio:- abolição, sem indemnizações, do direito de propriedade privada sobre a terra, então distribuída pelos camponeses, sem qualquer renda;- controlo operário nas fábricas privadas pelas comissões de trabalhadores;- Nacionalização dos bancos e comércio externo;- promulgação da 1ª Constituição e instituição do regime de partido único;- na reunião da III Internacional foi proposta a união de todos os partidos comunistas, que se haviam multiplicado, num organismo internacional – o Komintern;- negociações para a paz e imediata retirada da 1ª Guerra, através do Tratado de Brest-Litovsky (1918) assinado com a Alemanha embora com inúmeras perdas de território nas regiões bálticas (Estónia, Letónia, Lituânia e Finlândia) – “Uma paz vergonhosa, mas necessária!” – (Lenine)
O arrastamento das negociações, a resistência dos proprietários e empresários aos novos decretos, o regresso de milhões de soldados (desemprego) e a persistência da agitação social não permitiram a adesão fácil ao bolchevismo, resultando numa Guerra Civil (1918-1920). Os Mencheviques, apoiados pela Igreja, latifundiários, burgueses e potencias ocidentais, reuniram-se à volta do Exército Branco para enfrentarem o Exército Vermelho dos Bolcheviques comandado por Trotsky. Desentendimentos entre os Mencheviques e o receio da população em regressar ao passado levaram ao fim dos confrontos, com milhões de mortos pelo frio, fome e ferimentos.Embora seguindo o Marxismo, Lenine teve de fazer ajustes ao caso russo – incluir o campesinato no proletariado – devido à fraca adesão popular aos decretos revolucionários. Teve de actuar energicamente perante a Guerra Civil para evitar perder a revolução proclama a Ditadura do Proletariado e muda o nome do partido bolchevique para Partido Comunista – é o Comunismo de Guerra (1918-1921).Vê-se obrigado a tomar medidas excepcionais, no sentido de nacionalizar a economia para garantir o abastecimento das populações e do exército vermelho (Guerra civil), para compensar a perda produção industrial devido às cedências do tratado de Brest-Litosky:- os excedentes agrícolas deviam ser vendidos ao Estado a preços fixos e baixos- Industrias com mais de 100 operários foram retiradas aos seus donos e entregues aos trabalhadores;- comércio externo e interno livres foram reduzidos e a frota mercante nacionalizada;- as grandes propriedades que ainda persistiam foram expropriadas, sem indemnizações;- trabalho obrigatório dos 16 aos 50 anos e, muitas vezes, devido à escassez de moeda, pagos em géneros;- salários atribuídos conforme o rendimento e a indisciplina laboral era reprimida.
É assim estabelecida a verdadeira Ditadura do Proletariado com o objectivo de construção do Comunismo (etapa final do processo revolucionário).Foram proibidos os restantes partidos e os jornais ditos burgueses, os Mencheviques afastados dos Sovietes e dissolvida a Assembleia Constituinte. Instala-se um clima de terror com a polícia política russa – Tcheca – actuando como arma do governo e substituindo-se aos tribunais.Em 1922, através do Decreto das Nacionalidades, a Rússia transforma-se na U.R.S.S. – União da Repúblicas Socialistas Soviéticas – um estado multinacional organizado em Federação de Repúblicas com alguma autonomia mas submetidas a uma Constituição. O Estado Soviético impunha um novo regime político – Centralismo Democrático, em que todo o poder vinha das bases regionais (Repúblicas federadas) e locais (Sovietes) cujos representantes se reuniam anualmente no Congresso dos Sovietes. Paralelamente, actuava o Partido Comunista, cujos membros de topo eram ao mesmo tempo figuras do Estado vice-versa, tornando o Estado totalitário, retirando o poder interventivo aos Sovietes, meros informadores das decisões dos órgãos de cúpula para as populações.


Apercebendo-se de que a nacionalização dos meios de produção e o Comunismo de guerra agravaram o estado já débil da economia ampliando a fome e a miséria, Lenine, em 1921 opta com o partido por fazer um recuo estratégico (um passo atrás para poder dar dois em frente) introduzindo algumas medidas capitalistas como a privatização de alguns meios de produção de pequena dimensão, em especial, no sector agrícola devido à ruína deste sector.- liberdade aos camponeses para cultivarem o que desejassem e de venderem os excedentes no mercado;- na indústria, empresas com menos de 20 operários foram entregues aos seus antigos donos, e permitida a entrada de capitais, técnicos, máquinas e matérias-primas estrangeiras.
Esta nova política económica denominada – NEP (Nova Política Económica) vai vigorar até 1928, tendo conseguido o restabelecimento da produção permitindo o debelar da crise e a estabilização do regime, embora correndo riscos como a emergência de uma nova classe média burguesa – os Kulaks (proprietários rurais abastados) e os Nepmen (homens da NEP, pequenos comerciantes).

A morte prematura de Lenine, em 1924, vai conduzir à luta pelo poder entre Trotsky e Estaline.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A implantação do Marxismo-Leninismo na Rússia


O Marxismo – base das teorias marxistas-leninistas defende o fim da exploração do homem pelo próprio homem, propondo um novo modelo de produção – o Comunismo.
Defendendo o fim da propriedade privada dando lugar à propriedade comum dos meios de produção sob administração do Estado.
Assim, acabavam as classes e os conflitos causados pelas lutas de classes. O Estado deixava deste modo de se preocupar com os direitos individuais para se ocupar da administração dos meios de produção e com a justa distribuição da riqueza produzida. Eliminando consequências económicas e sociais nefastas, construindo uma sociedade perfeita.
O Comunismo seria a etapa última de uma revolução que teria como termo intermédio o Socialismo.
Esta revolução deveria ser encetada pelo proletariado através da luta de classes. Este proletariado através da luta armada deveria apoderar-se do Estado e, uma vez no poder, estabeleceria a DITADURA DO PROLETARIADO (para Marx, é o regime político revolucionário, liderado pelos operários que surge para desmantelar a sociedade burguesa e capitalista e construir uma sociedade comunista/sem classes).
Passando a gerir todos os meios de produção que estavam na posse da burguesia, levando ao bem estar de todos e não à riqueza de alguns. Deixando de ser necessário haver Estado pois não haveria quem reprimir.
Este sistema foi aplicado na Rússia sendo Lenine o principal protagonista deste processo levando à prática as ideias de Marx, apelando à participação activa dos camponeses na revolução. Lenine irá defender uma Estado forte, à maneira dos Czares, pois só desse modo conseguiria ter sucesso na implantação do novo sistema.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A dificil recuperação económica da Europa

A dependência da Europa em relação aos EUA

quarta-feira, 15 de setembro de 2010