sábado, 16 de abril de 2011

1.2.Os pólos do desenvolvimento económico


Profundamente desigualitário, o mundo actual concentra a maior parte da sua riqueza e da sua capacidade tecnológica em 3 pólos de intenso desenvolvimento: os Estados Unidos, a União Europeia e a zona da Ásia-Pacífico.

1.2.1. A hegemonia dos Estados Unidos e a prosperidade económica

Os E.U.A são a 1ª potência económica mundial.

A “livre empresa” continua no centro da filosofia económica do país e o Estado incentiva-a, assegurando-lhe as condições de uma elevada competitividade: a carga fiscal é ligeira, os encargos com a segurança social diminutos e as restrições ao despedimento ou à deslocação da mão-de-obra quase não existem.

Ø Os sectores de actividade

Marcadamente pós-industrial, a economia americana apresenta um claro predomínio do sector terciário. Em conformidade, a América é, actualmente, o maior exportador de serviços do Mundo.
Altamente mecanizadas, sabendo rentabilizar os avanços científicos, as unidades agrícolas e pecuárias americanas têm uma elevadíssima produtividade.
Assim, e apesar de algumas dificuldades geradas pela concorrência externa, os E.U.A. mantêm-se os maiores exportadores de produtos agrícolas.
A agricultura americana inclui ainda um vasto conjunto de industrias, desde a produção de sementes e maquinaria agrícola até à embalagem, comercialização e transformação dos seus produtos.
Um verdadeiro complexo agro-industrial.
Responsável por um quarto da produção mundial, a indústria dos E.U.A. sofreu, nos últimos 30 anos, uma reconversão profunda. Os sectores tradicionais, como a siderurgia e o têxtil, entraram em declínio e, com eles, decaiu também a importância económica da zona nordeste.

Ø Novos laços comerciais

Numa tentativa de contrariar o predomínio comercial da União Europeia, Clinton procurou estimular as relações económicas com a região do Sudeste Asiático, revitalizando a APEC – Cooperação Económica Ásia-Pacífico, criada em 1989. No mesmo sentido, o presidente impulsionou a criação da NAFTA - Acordo de Comércio Livre da América do Norte, que estipula a livre circulação de capitais e mercadorias entre os EUA, o Canadá e o México.

O dinamismo científico-tecnológico

A capacidade de inovar é determinante para o desenvolvimento e prestígio de um país. Liderando a corrida tecnológica, os E.U.A. asseguram a sua supremacia económica e militar.
Os Estados Unidos, são, hoje, a nação que mais gasta em investigação cientifica.
O Estado Federal tem um papel decisivo no fomento da pesquisa privada, quer através do seu financiamento, quer das gigantescas encomendas de sofisticado material militar e paramilitar.
O avanço americano fica também a dever-se à precoce criação de parques tecnológicos – os tecnopólos – que associam universidades prestigiadas, centros de pesquisa e empresas, que trabalham de forma articulada.

A hegemonia político-militar

A libertação do Kuwait (conhecida como Guerra do Golfo) iniciou-se em Janeiro de 1991 e exibiu, perante o mundo que a seguiu “em directo” pela televisão, a superioridade militar dos Estados Unidos. O exército iraquiano, o 4º maior do Mundo, com quase um milhão de homens, nada pôde fazer contra as sofisticadas tecnologias de guerra americanas.
Este 1º conflito pós-Guerra Fria inaugurou oficialmente a época da hegemonia mundial americana.
Assim, o poder americano afirmou-se apoiado pelo gigantismo económico e pelo investimento maciço no complexo industrial militar.
Os E.U.A. têm sido considerados os “polícias do Mundo”, devido ao papel preponderante e activo que têm desempenhado na geopolítica do Globo. Assim:
· Multiplicaram a imposição de sanções económicas como recurso para punir os “infractores”;
· Reforçaram o papel da OTAN – função de velar pela segurança da Europa, recorrendo, sempre que necessário, à intervenção militar armada.
· Assumiram um papel militar activo, encabeçando numerosas intervenções armadas pelos motivos mais díspares.
A prosperidade económica americana
Nos anos 90 a economia americana parecia imparável, apesar dos sinais de aviso - défice comercial e enorme dívida externa.
A prosperidade americana, assente nos princípios do comércio livre, é fortemente abalada pelo 11 de Setembro de 2001, e em especial pelas medidas tomadas após esse acontecimento (medidas de segurança - maior controlo sobre os capitais e as pessoas que entram no país).
O sucesso da administração Clinton no controlo do défice orçamental, assim como as medidas sociais e ambientais, são, em larga medida, apagadas pela administração Bush (filho), com uma política neoliberal recusando aplicar medidas sociais e ambientais importantes, mas, no entanto, continuando a gastar enormes somas na guerra contra o terror e na Guerra do Iraque.
O furacão Katrina, veio mostrar as fragilidades sociais dos EUA, levantando-se a questão entre os americanos, sobre o que vale mostrar poderio militar se não se conseguem resolver os problemas internos? Cresce o descontentamento com Bush, agravado pela crise que estala em meados de 2008, que leva à sua queda e dos republicanos.
Barack Obama e os Democratas
Dá-se uma mudança de fundo na Casa Branca - entram os democratas com a vitória de Barack Obama que coloca a tónica na resolução dos problemas sociais dos EUA, implicando uma maior intervenção do Estado. reconhece que o domínio americano sobre o mundo está em declínio e que as medidas adoptadas em questões de segurança estavam a contribuir para o desprestigio do país (Guantánamo).
Tem de continuar a Guerra ao Terror, combatendo este novo inimigo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O FIM DO MODELO SOVIÉTICO

No curto espaço de tempo que vai de 1985 a 1991, a história mundial sofreu modificações profundas: a Guerra Fria terminou de forma inesperada, as democracias populares europeias aboliram o comunismo, as duas Alemanhas fundiram-se num só Estado e a URSS desintegrou-se, deixando os Estados Unidos sem concorrente ao lugar de superpotência mundial. O fim do modelo soviético transformou a geografia política do Leste europeu e lançou os antigos Estados socialistas numa transição económica difícil cujas marcas são, ainda, claramente perceptíveis.

A CRISE DO MODELO SOVIÉTICO

Quando, em finais de 1982, morreu Brejnev, apesar das profundas alterações que tinham marcado a conjuntura internacional no pós-Segunda Guerra Mundial, o marxismo-leninismo interpretado por Estaline nos anos 20 mantinha-se inalterado nos seus princípios e nas propostas políticas deles decorrentes. Todavia, eram muito fortes os ventos da mudança. Se, na Europa Ocidental, os velhos partidos socialistas e comunistas começavam a passar por profundas renovações marcadas pelo abandono das filosofias marxistas e plena assunção da via democrático-reformista, mas também na URSS começavam a ser iniludíveis os sinais de crise do modelo soviético.

A VIRAGEM POLÍTICA

Em Março de 1985, Mikhail Gorbatchev é eleito secretário-geral do PCUS (Partido Comunista da União Soviética). O novo dirigente tinha consciência das dificuldades por que passava a economia soviética e sentiu que o sistema socialista, apesar de não ter de ser substituído, necessitava de uma reforma. Do mesmo modo, entendeu os anseios de liberdade manifestados pela população. Enquanto o nível de vida da população baixava, o atraso económico e tecnológico, relativamente aos Estados Unidos da América, crescia a olhos vistos, e só com muitas dificuldades o país conseguia suportar os pesados encargos decorrentes da sua vasta influência no Mundo. Neste contexto, Gorbatchev enceta uma politica de diálogo e aproximação ao Ocidente, propondo aos Americanos o reinício das conversações sobre o desarmamento. Incapaz de igualar o arrojado programa de defesa nuclear da administração Reagan (conhecido como «guerra das estrelas»), o líder soviético procura assim criar um clima internacional estável que refreie a corrida ao armamento e permita à URSS utilizar os seus recursos para a reestruturação interna. Decidido a ganhar o apoio popular para o seu arrojado plano de renovação económica, ao qual chamou perestroika (reestruturação), Gorbatchev inicia, em simultâneo, uma ampla abertura política, conhecida por glasnot (transparência):


Os governantes soviéticos visavam assim aproximar a URSS dos países ocidentais, em especial dos Estados Unidos da América. Era o surpreendente esbatimento do ambiente da Guerra Fria que tinha aterrorizado o mundo durante os últimos 40 anos.

O COLAPSO DO BLOCO SOVIÉTICO

A inflexão da política soviética e as duras críticas tecidas aos tempos de Brejnev debilitaram a autoridade dos líderes comunistas dos países de Leste. Há muito reprimida, a contestação ao regime imposto por Moscovo alastrou e endureceu, começando a abalar as estruturas do poder. E, ao contrário do que outrora acontecera, a linha dura dos partidos comunistas europeus não contou agora com a intervenção militar russa, para «normalizar» a situação. Confiante no clima de concórdia que estabelecera com o Ocidente, Gorbatchev passou a olhar as democracias populares como uma «obrigação» pesada, da qual a URSS só ganhava em libertar-se. A doutrina da «soberania limitada» foi, assim, posta de lado, e os antigos países-satélites da URSS puderam, finalmente, escolher o seu regime político. No ano de 1989, uma vaga democratizadora varre o Leste: os partidos comunistas perdem, um após outro, o seu lugar de «partido único» e, pouco depois, realizaram-se as primeiras eleições livres do pós-guerra, que promovem a elaboração de novos textos constitucionais. Neste processo, a «cortina-de-ferro», que, há quatro décadas, separava a Europa, levanta-se finalmente: as fronteiras com o Ocidente são abertas e, perante um mundo estarrecido, cai o Muro de Berlim. Depois de uma ronda de negociações entre os dois Estados alemães e os quatro países que ainda detinham direitos de ocupação, a Alemanha reunifica-se – Tratado «2+4». Em Novembro de 1990 é anunciado, sem surpresa, o fim do Pacto de Varsóvia e, pouco depois, a dissolução do COMECON. Nesta altura, a dinâmica política desencadeada pela perestroika tornara-se já incontrolável, conduzindo, também, ao fim da própria URSS. O extenso território das Republicas Soviéticas desmembra-se, sacudido por uma explosão de reivindicações nacionalistas e confrontos étnicos. O processo começa nas Repúblicas Bálticas, anexadas por Estaline durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1988, a Estónia assume-se como Estado soberano no interior da URSS, com direito a emitir passaportes próprios e a vetar as leis aprovadas pelo parlamento soviético. Em 1990, a Lituânia vai mais longe e afirma o seu direito de deixar a União. O mesmo acontece com a Letónia. Confrontado com estas dissidências, Gorbatchev, tenta parar o processo pela força, intervindo militarmente nos Estados Bálticos (inicio de 1991). Esta actuação retira o líder soviético da vanguarda reformista, e o apoio dos mais ousados passa para um ex-colaborador de Gorbatchev, Boris Ieltsin. Eleito como presidente da Republica da Rússia, Ieltsin reforça o seu prestígio ao encabeçar a resistência a um golpe de Estado dos saudosistas do Partido, que pretendiam retomar o poder e parar as reformas em curso. Pouco depois, no rescaldo do golpe, o novo presidente toma a medida extrema de proibir as actividades do partido comunista. No Outono de 1991, a maioria das repúblicas da União declara a sua independência. Em Dezembro, nasce oficialmente a CEI (Comunidade de Estados Independentes), à qual aderem 12 das 15 repúblicas que integravam a União Soviética. Dias depois, vencido no seu propósito de manter o país unidos, Gorbatchev abandona a presidência de uma URSS que, efectivamente, já desaparecera.

OS PROBLEMAS DA TRANSIÇÃO PARA A ECONOMIA DE MERCADO

A perestroika tinha, prometido aos Soviéticos uma melhoria acentuada e rápida do nível da vida: melhores subsídios, mais bens de consumo, melhor assistência social. Mas, ao contrário do previsto, a reconversão económica foi um fracasso e a economia deteriorou-se rapidamente. - O fim da economia planificada significou, o fim dos subsídios estatais às empresas, que se viram na necessidade de se tornarem lucrativas ou enfrentarem a falência. Assim, muitas unidades desapareceram e outras extinguiram numerosos postos de trabalho. - O descontrolo económico e a liberalização dos preços (os bens de primeira necessidade deixaram também de ser subsidiados pelo Estado) desencadearam uma inflação galopante que a subida de salários não acompanhou. - O desemprego, o atraso nos pagamentos das pensões e dos salários dos funcionários públicos, bem como a rápida perda de valor do rublo significaram o fim das poupanças de muitas famílias soviéticas, que rapidamente se viram sem meios de subsistência. No entanto, a liberalização económica enriqueceu um pequeno grupo que, em pouco tempo, acumulou fortunas fabulosas. De uma forma geral, a riqueza passou para as mãos de antigos altos funcionários que souberam aproveitar a posição-chave em que se encontravam. Em meados dos anos 90, 45% do rendimento nacional encontrava-se nas mãos de menos de 5% da população. Os países de Leste viveram também, de forma dolorosa, a transição pela economia de mercado. Privados dos subsídios da União Soviética, a braços com uma significativa redução das trocas na área do antigo COMECON e com uma produção alicerçada em indústrias e equipamentos obsoletos, os antigos satélites da URSS sofreram uma brusca regressão económica. Tal como na Rússia, o caos económico instalou-se e as desigualdades agravaram-se. De acordo com o Banco Mundial, nos países de transição para a economia de mercado, «a pobreza espalhou-se e cresceu a um ritmo mais acelerado do que em qualquer lugar do Mundo», assim como a percentagem de pobres elevou-se. Este quadro genérico esconde, porém, grandes disparidades regionais e nacionais. Países como a República Checa, a Hungria ou a Polónia que beneficiaram de uma relativa estabilidade política, conseguiram captar importantes investimentos estrangeiros e grandes fluxos turísticos conseguindo assim uma evolução económica positiva, devendo-se ainda, em parte, ao forte estimulo que constitui a sua recente adesão à União Europeia.