sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Mundo Comunista

Quando o 2º conflito mundial terminou a URSS foi responsável pela implantação de regimes comunistas, inspirados no modelo soviético, por todo o mundo.
Após a 2ª Guerra Mundial, o reforço da posição militar soviética e o desencadear do processo de descolonização criaram condições favoráveis quer à extensão do comunismo, quer ao estreitamento dos laços de amizade e cooperação entre Moscovo e os países recentemente independentes. A URSS saiu, assim, do isolamento a que estivera votada desde a Revolução de Outubro, alargando a sua influência nos 4 continentes.

Europa

A primeira vaga da extensão do comunismo atingiu a Europa Oriental e fez-se sob a pressão directa da URSS. Entre Julho de 1947 e Julho de 1948, as coligações governamentais desfizeram-se: o partido comunista tornou-se partido único.
Os novos países socialistas receberam a designação de democracias populares.
Democracias Populares: Designação dada ao regime do partido único instituído nos países do Leste Europeu, construído à semelhança do modelo soviético, e que, adoptando a ideologia comunista, exerceu o poder de forma absoluta e controlou toda a sociedade.

Defendem que a gestão do Estado pertence, em exclusivo, às classes trabalhadoras. Estas, que constituem a esmagadora maioria da população, “exercem o poder” do Partido Comunista.
Depois da implantação do comunismo, a URSS exerceu um apertado controlo sobre os seus novos aliados.
Em 1955, os laços entre as democracias populares foram reforçados com a constituição do Pacto de Varsóvia, aliança militar que previa a resposta conjunta a qualquer eventual agressão. O Pacto Varsóvia constituiu uma organização completamente oposta à OTAN. A união soviética impôs um modelo único, do qual não admitiu desvios.
Em 1956, na Hungria, e em 1968, em Praga (Checoslováquia), a URSS reprimiu, com os tanques militares do Pacto de Varsóvia, os levantamentos sociais que contestavam o poder soviético.
Em 1961, a fim de evitar a passagem de cidadãos de Berlim Leste para Berlim Oeste, de onde fugiram para a RFA e para outros países ocidentais, a RDA ordenou a construção do muro de Berlim.

Ásia

Fora da Europa, o único país em que a implantação do regime comunista se ficou a dever à intervenção directa da URSS foi a Coreia. Entre 1950 e 1953 desenrolou-se, na Coreia, uma guerra civil entre o norte, a República Popular da Coreia, comunista, apoiada pela URSS e o sul, a República Democrática da Coreia, capitalista, sustentada pelos Estados Unidos. O final da guerra não unificou o país, tornando-se mais uma das questões por resolver da Guerra Fria.

Nos restantes casos, o triunfo do partido comunista ficou a dever-se a movimentos revolucionários nacionais que contaram, no entanto, com o incentivo ou o apoio declarado da URSS.
Tal é o caso da China, onde, em Outubro de 1949, Mao Tsé-Tung proclamou a instauração de uma República Popular. Apesar de, posteriormente, se ter afastado da URSS, a China seguiu, nos primeiros anos do regime comunista, o modelo político e económico do socialismo russo.

América Latina

O p0nto fulcral da expansão comunista na América Latina foi Cuba, onde, um grupo de revolucionários, sob o comando de Fidel Castro e do Che Guevara.
A influência soviética em Cuba confirma-se quando, em 1962, aviões americanos obtêm provas fotográficas da instalação, na ilha, de mísseis russos de médio alcance, capazes de atingir o território americano.
A exigência firme de retirada dos mísseis, feita pelo presidente Kennedy, coloca o mundo perante a eminência de uma guerra nuclear entre as duas superpotências.
Fruto do seu alinhamento com o bloco soviético, Cuba desempenhará também um papel activo na proliferação do comunismo.

África

A adopção de regimes sociais coincidiu com a 2ª vaga de descolonizações (por ex: nos anos 70 as ex-colónias africanas de Angola e Moçambique tornaram-se Estados Socialistas).

Opções e Realizações da economia de direcção central

Após a 2ª Guerra Mundial, a planificação da economia nos regimes socialistas propiciou uma recuperação rápida dos prejuízos causados pelo esforço de guerra. Os planos quinquenais apostavam, sobretudo, na indústria pesada (siderurgia) e nas infra-estruturas. A URSS e os países de modelo soviético registaram um crescimento industrial tão significativo que ascenderam à 2ª posição da indústria mundial.
No entanto, a par destas realizações, as economias da direcção central (dirigidas pelo Estado o qual abolia a iniciativa privada) evidenciavam fraquezas estruturais que comprometiam a longo prazo o seu sucesso:
O nível de vida das populações não acompanha esta evolução económica.
• As jornadas de trabalho matem-se excessivas;
• Os salários sobem a um ritmo muito lento e as carências de bens de toda a espécie mantêm-se;
• A agricultura, a construção habitacional, as indústrias de consumo e o sector terciário avançam lentamente.
Nas cidades, que a industrialização fez crescer a um ritmo muito rápido, a população amontoa-se em bairros periféricos. As longas filas de espera para adquirir os bens essenciais tornam-se uma rotina diária.

Os bloqueios Económicos

Passando o primeiro impulso industrializador, as economias planificadas começam a mostrar, de forma mais evidente, as suas debilidades:
• A planificação excessiva entorpece as empresas, que não gozam de autonomia na selecção das produções, do equipamento e dos trabalhadores, na fixação de salários e preços, ou na escolha de fornecedores e clientes;
• Uma gestão burocrática limita-se a procurar cumprir as quantidades previstas no plano, sem atender à qualidade dos produtos ou ao potencial de rentabilidade dos equipamentos e da numerosíssima mão-de-obra;
• Nas unidades agrícolas, a falta de investimento, a má organização e o desalento dos camponeses reflectem-se de forma severa na produtividade.

A morte de Estaline (1953) e a subida ao poder de Nikita Kruchtchev permitiu a desestalinização (fortes críticas às orientações políticas e económicas de Estaline, defendendo-se agora uma orientação mais liberal e aberta ao ocidente) e uma nova orientação na política extena (coexistência pacífica com os EUA) e novas orientações económicas de modo a combater estagnação dos anos 50. Tal se inicia com o VI Plano quinquenal (1956-60), o qual reforça o investimento nas indústrias de consumo, na habitação e na agricultura. Ao mesmo tempo, a duração do trabalho semanal reduz-se (de 48 para 42 horas) bem como a idade da reforma, que se estende, aos trabalhadores agrícolas.
No entanto, os efeitos destas medidas ficaram muito aquém das expectativas, não conseguindo relançar a economia. Na década de 70, sob a liderança de Leonidas Brejnev, este retomou o culto da personalidade e a corrupção e a burocracia avolumaram-se, o que se traduziu no agudizar da estagnação.

As dificuldades soviéticas reflectiram-se, de forma mais ou menos grave, em todos os países satélites. A estagnação das economias de direcção central reflecte, sobretudo, as falhas do sistema, que se foram agravando ao longo das décadas.

A escala armamentista e o início da era espacial

A escala armamentista

Para além dos esforços postos na constituição de alianças internacionais, os 2 blocos procuravam preparar-se para uma eventual guerra, investindo grandes somas na concepção e fabrico de armamento cada vez mais sofisticado.
Nos primeiros anos do pós-guerra, os Estados Unidos tinham o segredo da bomba atómica, que consideravam a sua melhor defesa.
Quando, em Setembro de 1949, os Russos fizeram explodir a sua primeira bomba atómica, a confiança dos Americanos desmoronou-se.
Em 1952 os americanos testavam, no Pacífico, a 1ª bomba de hidrogénio, com uma potência 1000 vezes superior à bomba de Hiroxima.

A corrida ao armamento tinha começado. No ano seguinte, os Russos possuíam também a bomba de hidrogénio e o ciclo reiniciou-se, levando as duas superpotências à produção maciça de armamento nuclear. O mundo viu também multiplicarem-se as armas ditas convencionais. No fim de 1950, os americanos consideravam obrigatório aumentar, tão depressa quanto possível, a força aérea, terrestre e naval em geral e a dos aliados num ponto em que não estivessem tão fortemente dependentes de armas nucleares.
O investimento ocidental nas armas convencionais desencadeou, como era de esperar, uma igual estratégia por parte da URSS [afectou, em 1952, 80% do orçamento de Estado para despesas militares]
Cada um dos blocos procurava persuadir o outro de que usaria, sem hesitar, o seu potencial atómico em caso de violação das respectivas áreas de influência. O mundo tinha resvalado, nas palavras de Churchill, para o equilíbrio instável do terror.

O início da era espacial

Durante a 2ª Guerra Mundial a Alemanha tinha secretamente desenvolvido a tecnologia dos foguetes e criado os primeiros mísseis. Em 1945, os cientistas envolvidos neste projecto emigraram para a URSS e para os Estados Unidos, onde desempenharam um papel relevante nos respectivos programas espaciais.
A URSS colocou-se à cabeça da conquista do espaço [em Outubro-1957 coloca em órbita o 1º satélite artificial da história].
A desolação dos Americanos, que até aí tinham considerado a URSS tecnologicamente inferior, foi grande. Na ânsia de igualarem a proeza russa, anteciparam o lançamento do seu próprio satélite, mas o foguetão que o impulsionava explodiu e a experiencia foi um fracasso.
Nos anos que se seguiram, a aventura espacial alimentou o orgulho nacional das duas nações.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O MUNDO CAPITALISTA

O tempo da Guerra Fria – A consolidação de um mundo bipolar

O afrontamento entre as duas superpotências e os seus aliados prolongou-se até meados dos anos 80, altura em que o bloco soviético mostrou os primeiros sinais de fraqueza.
Durante este longo período, os EUA e a URSS intimidaram-se mutuamente, gerando um clima de hostilidade e insegurança que deixou o mundo num permanente sobressalto. É este clima de tensão internacional que designamos por Guerra Fria.

Guerra Fria: Expressão criada para designar o estado de tensão entre os EUA e a URSS a seguir à 2ª guerra mundial, que se caracterizou pelo facto de as duas potências não registarem qualquer confronto directo, mas interferirem em conflitos à escala regional em campos opostos.

A guerra fria foi uma autêntica “guerra de nervos” em que cada bloco se procurou superiorizar ao outro. Uma gigantesca máquina de propaganda inculcava nas populações a ideia da superioridade do seu sistema e a rejeição e o temor do lado contrário, ao qual se atribuíam as intenções mais sinistras e os planos mais diabólicos.
Mais do que ambições hegemónicas das duas superpotências, eram duas concepções opostas de organização política, via económica e estruturação social que se confrontavam: de um lado, o liberalismo, assente sobre o princípio da liberdade individual; do outro, o marxismo, que subordina o indivíduo ao interesse da colectividade.

O confronto político-militar estender-se-á até meados dos anos 80 e irá alternar períodos de grande tensão e de alguma acalmia:
Entre 1945 e 1955 – consolida-se o bipolarismo com campanhas de propaganda ideológica e corrida aos armamentos, instalando o receio de uma guerra atómica. Após a morte de Estaline (1953) inicia-se a fase coexistência pacífica, que reabriu o diálogo entre soviéticos (Kruchtchev) e americanos (Eisenhower);
Na década de 60, este clima não impediu a construção do Muro de Berlim (1961), nem a crise de Cuba (1962) e de diversos conflitos no chamado 3º mundo (áreas de descolonização);
Entre 1975 e 1985 acentuam-se as divergências, devido crise económica (petróleo), à derrota americana no Vietname, afrontamento nuclear. O diálogo e as negociações regressam em 1985, mas só o desmoronamento do bloco soviético, em 1991, iniciará uma nova ordem internacional.

1.2.1. O Mundo Capitalista
A política de alianças dos Estados Unidos

Em termos político-militares, a aliança entre os ocidentais não tardou também a oficializar-se. A tensão provocada pelo bloqueio de Berlim acelerou as negociações que conduziram, em 1949, ao Tratado do Atlântico Norte, firmado entre os Estados Unidos, o Canadá e 10 nações europeias. A operacionalização deste tratado deu origem à Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN (ou NATO, em inglês).
O pacto da OTAN é bem demonstrativo da desconfiança que então impregnava as relações internacionais. A aliança apresenta-se, assim, como uma organização puramente defensiva, empenhada em resistir a um inimigo que está omnipresente: a União Soviética.
Esta sensação de ameaça e a vontade de consolidar a sua área de influência lançaram os EUA numa autêntica “pactomania” que os levou a constituir um vasto leque de alianças, um pouco por todo o mundo. Para além da OTAN, firmaram-se alianças multilaterais na América. Estas alianças foram complementadas com diversos acordos de carácter político e económico, de tal forma que, cerca de 1959, 3 quartas partes do mundo alinhavam, de uma forma ou de outra, pelo bloco americano.

· A prosperidade Económica

O crescimento económico do pós-guerra estruturou-se em bases sólidas. Os governos não só assumiram grandes responsabilidades económicas, como delinearam planos de desenvolvimento coerentes, que permitiram estabelecer prioridades, rentabilizar a ajuda Marshall e definir directrizes futuras. Externamente, os acordos de Bretton Woods e a criação de espaços económicos alargados (como a CEE) tiveram um papel semelhante, harmonizando e fomentando as relações económicas internacionais.
O capitalismo emergiu dos escombros da guerra e atingiu o seu auge. Entre 1945 e 1973, a produção mundial mais do que triplicou. As economias cresceram de forma contínua, sem períodos de crise. As taxas de crescimento especialmente altas de certos países, como a RFA, a França, o Japao, surpreenderam os analistas, que começaram a referir-se-lhes como “milagre económico”. Estes cerca de 30 anos de uma prosperidade material sem precedentes ficaram na História como os “Trinta Gloriosos”.
A expansão económica dos 30 Gloriosos conjuga o desenvolvimento de processos já iniciados com aspectos completamente novos. Podemos destacar:
· A aceleração do progresso tecnológico, que atingiu todos os sectores;
· O recurso ao petróleo como matéria energética por excelência, em detrimento do carvão;
· O aumento da concentração industrial e do número de multinacionais;
· A modernização da agricultura;
· O aumento significativo da população activa. Para além de mais numerosa, a mão-de-obra tornou-se também mais qualificada;
· O crescimento do sector terciário.

A sociedade de consumo

O efeito mais evidente dos Trinta Gloriosos foi a generalização do conforto material. A sociedade de consumo transformou os lares e o estilo de vida da maioria da população dos países capitalistas.
Nesta sociedade de abundância, o cidadão comum é permanentemente estimulado a despender mais do que o necessário. Multiplicam-se os grandes espaços comerciais, verdadeiros santuários do consumo, onde os objectos, estrategicamente dispostos, se encontram ao alcance da mão do potencial comprador. Uma publicidade bem orquestrada lembra as pequenas e grandes maravilhas a que todos “têm direito” e que as vendas a crédito permitem adquirir.
O consumismo instala-se duradouramente e torna-se o emblema das economias capitalistas da segunda metade do século XX.

· A afirmação do Estado-Providência

A superação das dificuldades associadas à crise de 1929 implicou o aumento da intervenção do Estado nos planos económico e social e o nascimento do Estado-Providência ou do bem-estar social [onde cada cidadão tem asseguradas as suas necessidades básicas “do berço ao túmulo”].
Ainda durante a guerra, o empenhamento do Estado nas questões sociais foi activamente defendido por Beveridge. Este confiava que um sistema social alargado teria como efeito a eliminação dos “cinco grandes males sociais”: carência, doença, miséria, ignorância e ociosidade.
A abrangência das medidas adoptadas em Inglaterra e a ousadia do estabelecimento de um sistema de saúde assente na gratuidade total dos serviços médicos e extensivo a todos os cidadãos, serviram de modelo à maioria dos países europeus.
O sistema de protecção social generaliza-se a toda a população: passando a acautelar as situações de desemprego, acidente, velhice e doença; estabelecem-se prestações de ajuda familiar. Ampliam-se as responsabilidades do Estado no que respeita à habitação, ao ensino e à assistência médica.

Este conjunto de medidas visa um duplo objectivo:
· Reduz a miséria e o mal-estar social contribuindo para uma repartição mais equitativa da riqueza;
· Assegura uma certa estabilidade à economia, já que evita descidas drásticas da procura como a que ocorreu durante a crise dos anos 30.

A política económica e social das democracias ocidentais

No fim da 2ª guerra mundial, o conceito de democracia adquiriu, no ocidente, um novo significado. Para além do respeito pelas liberdades individuais, do sufrágio universal e do multipartidarismo, considerou-se que o regime democrático deveria assegurar o bem-estar dos cidadãos.
As duas forças políticas que, nesta época, sobressaíram na Europa – o socialismo reformista e a democracia cristã – encontravam-se fortemente imbuídas de preocupações sociais.
Embora de quadrantes muito diferentes, socialistas e democratas-cristãos saíram da guerra prestigiados.
É assim que, logo em 1945, as eleições inglesas dão a vitória ao Partido Trabalhista, liderado por Clement Atlee, que substitui Winston Churchill (Partido Conservador) à frente do governo britânico.
Um pouco por todo o lado, partidos de orientação idêntica viram elevar-se os seus resultados eleitorais tendo, em alguns casos, tomando também as rédeas do poder, como aconteceu na Holanda, nos países Escandinavos (Dinamarca, Noruega, Suécia) e na República Federal Alemã.
Os adeptos da social-democracia conjugam a defesa do pluralismo democrático e dos princípios da livre concorrência económica com o intervencionismo do Estado, cujo objectivo é o de regular a economia e promover o bem-estar dos cidadãos.

Social-Democracia: Corrente ideológica cujas origens remontam ao pensamento de Eduard Bernstein, nos finais do séc.XIX, que, partindo da crítica ao sistema capitalista e à necessidade de revisão do marxismo, ao negar nomeadamente a luta de classes, defendeu a construção do socialismo através de reformas graduais levadas a cabo por governos resultantes de processos eleitorais democráticos.

A democracia-cristã tem a sua origem na doutrina social da igreja que condena os excessos do liberalismo capitalista, atribuindo igualmente aos estados a missão de zelar pelo bem-comum.
Os democratas-cristãos consideram que o plano temporal e espiritual embora distintos, não se podem separar. Os princípios do cristianismo devem enformar todas as acções dos cristãos. Propõem uma orientação profundamente humanista, alicerçada na liberdade, na justiça e na solidariedade. Procura-se subverter o espírito essencialmente laico da democracia transformando-o num campo de aplicação de valores intrinsecamente cristãos.

Sociais-Democratas e Democratas-cristãos convergem no mesmo propósito de promover reformas económicas e sociais profundas. Na Europa do pós-guerra, os governos lançam-se num vasto programa de nacionalizações. O Estado torna-se o principal agente económico do país, o que lhe permite exercer a sua função reguladora da economia.

Paralelamente, revê-se o sistema de impostos, reforçando-se o carácter progressivo das taxas. Um tal conjunto de medidas modificou, de forma profunda, a concepção liberal de Estado dando origem ao Estado Providência.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Tempo da Guerra Fria

Guerra Fria

Powerpoint de introdução ao tema da Guerra Fria:

http://www.slideshare.net/guest2c92ec/fria1

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ONU

1.1.2. A organização das Nações Unidas p. 16-19

O projecto ficou acordado na Conferência de Teerão e foi depois ratificado em Ialta, onde se decidiu a convocação de uma conferência com o fim de redigir e aprovar a Carta fundadora das Nações Unidas.
Iniciada no dia 25-Abril-1945, a Conferência contou com os delegados de 51 nações que afirmara, na Carta das Nações Unidas, a sua vontade conjunta de promover a paz e a cooperação internacionais. Segundo a Carta, a Organização foi criada com os propósitos fundamentais de:
· manter a paz e reprimir os actos de agressão;
· desenvolver relações de amizade entre os países do mundo, baseados na igualdade e no seu direito à autodeterminação;
· desenvolver a cooperação internacional no âmbito económico, social e cultural e promover a defesa dos direitos humanos;
· funcionar como centro harmonizador.


-> A defesa dos Direitos do Homem

Sob o impacto do holocausto e disposta a impedir as atrocidades cometidas durante a 2ª guerra mundial, a ONU tomou uma feiçao profundamente humanista que foi reforçada pela aprovação da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Esta Declaração não se limita a definir os direitos e liberdades fundamentais (direito à vida, liberdade de reunião, associação, expressão, etc.). Os seus redactores atribuíram um importante espaço às questões económico-sociais (direito ao trabalho, ao descanso, ao ensino...), por as considerarem imprescindíveis a uma vida digna e verdadeiramente livre.

-> Orgãos de Funcionamento

· Assembleia Geral: Reúne um representante de cada país do mundo. A Assembleia Geral debate, à semelhança de um parlamento, os assuntos de interesse da organização.
· Conselho de Segurança: é composto por 15 membros, 5 dos quais permanentes (os que representam os EUA, a Rússia, o Reino Unido, a França e a China)[basta um deles opor-se a uma resolução - exercendo o direito de veto - para que essa decisão seja bloqueada] e 10 flutuantes, eleitos pela Assembleia geral por 2 anos. É o Conselho de Segurança que tem poderes para agir + directamente na preservação da paz, podendo decidir sanções económicas e a intervenção militar da ONU.
· Secretariado Geral: O secretariado-geral das Nações Unidas exerce funções diplomáticas cruciais na resolução dos conflitos do mundo. É eleito pela Assembleia Geral para um mandado de 5 anos (renovável) O secretário-geral toma parte das reuniões do Conselho de Segurança mas sem direito a voto. - representa praticamente todos os povos do mundo.
· Conselho Económico e Social: destina-se a cumprir o objectivo da cooperação económica, social e cultural previsto na Carta das Nações Unidas. Actua por meio de agências especializadas e outros órgãos específicos que se encontram sobre a sua tutela.
· Tribunal Internacional de Justiça: destina-se a resolver, por via pacífica, as quezílias entre os povos, fazendo com que estes respeitem as leis do direito internacional. - órgão máximo da justiça internacional.
· Conselho de Tutela: este organismo administrava os territórios entregues à ONU, porém, desde 1994 reúne, apenas, ocasionalmente, pois já não tem territórios à sua guarda.

A ONU, que desde 1952 tem sede permanente em Nova Iorque, agrega hoje todos os povos do mundo (191 países). Embora tenha desenvolvido um importante papel no que toca à cooperação internacional, a sua actuação ficou aquém das expectativas no que concerne à concertação da paz mundial.

1.1.3 As novas regras da economia internacional

-> O ideal de cooperação económica p.20-21

O planeamento do pós-guerra não se processou apenas a nível político. Em julho de 1944, um grupo de conceituados economistas de 44 países reuniu-se em Bretton Woods (EUA) com o fim de prever e estruturar a situação monetária e financeira do período de paz.
Convictos de que o nacionalismo económico dos anos 30 prejudicara seriamente o crescimento económico, os Estados Unidos preparam-se para liderar uma nova ordem económica baseada na cooperação internacional.
Como estrutura de fundo, procedeu-se à criação de um novo sistema monetário internacional que garantisse a estabilidade das moedas indispensável ao incremento das trocas. O sistema assentou no dólar como moeda-chave.
Na mesma conferência, e com o objectivo de operacionalizar o sistema, criaram-se 2 importantes organismos:
· o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao qual recorreriam os bancos centrais dos países com dificuldades em manter a paridade fixa da moeda ou equilibrar a sua balança de pagamentos;
· o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD), também conhecido como Banco Mundial, destinado a financiar projectos de fomento económico a longo prazo.

Só em 1947, na Conferência Internacional de Genebra, se assinou um Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), em que 23 países signatários se comprometeram a negociar a redução dos direitos alfandegários e outras restrições comerciais.

-> A ajuda americana e a contraposição soviética

Apesar das medidas tomadas para a reorganização do pós-guerra a Europa viu-se incapaz de reerguer, sozinha, a sua economia.
É neste contexto que o secretário de Estado americano George Marshall anuncia, em Junho de 1947, um gigantesco plano de ajuda económica à Europa, convidando-a a resolver em comum os seus problemas.
Este programa de auxílio, conhecido como Plano Marshall, foi acolhido com entusiasmo pela generalidade dos países ocidentais. Para uma eficiente distribuição dos fundos do plano criou-se, em Paris, a OECE (Organização Europeia de Cooperação Económica), que integrou os EUA e os 16 países que aceitaram a ajuda americana.
Em Janeiro de 1949. Moscovo “responde” ao Plano Marshall com o Plano Molotov, que estabelece as estruturas de cooperação económica da Europa Oriental. Foi no âmbito deste plano que se criou o COMECON (Conselho de Ajuda Económica Mútua), instituição destinada a promover o desenvolvimento integrado dos países comunistas, sob a égide da União Soviética.
A OCDE e a COMECON funcionaram como áreas económicas transnacionais, coesas e distintas uma da outra. No final, a OCDE e a COMECON contribuíram para reforçar, pela via económica, a “cortina de ferro” entre o Ocidente e a URSS.

1.1.4. A primeira vaga de descolonizações

Uma conjuntura favorável à desoclonização p. 22-23

As 2 décadas que se seguiram à 2ª Guerra Mundial viram desaparecer extensos impérios coloniais, com séculos de existência.
A guerra abalou o prestígio dos europeus. Na Ásia, deixa bem patente a sua superioridade do Japão, potência local. Nem mesmo a sua posterior derrota frente ao poderio americano foi capaz de restabelecer o prestígio da Europa na região.
A guerra “acordou” os dominados. A incorporação de contingentes das colónias nos exércitos aliados contribuiu para a tomada de consciência da injustiça colonial.
A guerra exigiu dos territórios coloniais pesados sacrifícios, contribuindo para aumentar o descontentamento contra o dominador estrangeiro.
Finalmente, a guerra fragilizou, em termos económicos e políticos, os Estados Europeus que se vêem a braços com uma onde de contestação anticolonialista que não conseguem contrariar.
Aos efeitos demolidores da guerra juntaram-se as pressões exercidas pelas duas superpotências, que apoiam os esforços de libertação dos povos colonizados. Os Estados Unidos sempre se mostraram adversos à manutenção do sistema colonial. A URSS actua em nome da ideologia marxista e não desperdiça a possibilidade de entender, nos países recém-formados, o modelo soviético.
Também a ONU, fundada sob o signo da igualdade entre todos os povos do mundo, se constituirá como um baluarte internacional da descolonização.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

II Guerra Mundial

Powerpoint sobre Nazismo/fascismo:

http://www.slideshare.net/secret/rEvdCHsvwvOOSa

Powerpoint II Guerra Mundial:

http://www.slideshare.net/guest2c92ec/ii-guerra-mundial-3008985


Modulo 8: [1] Nascimento e Afirmação de um novo quadro geopolítico

1.1. A reconstrução do pós-guerra
1.1.1. A definição de áreas de influência

Quando o mundo emergiu da Segunda Guerra Mundial, era já clara a alteração de forças nas relações internacionais. Antigas potências como a Alemanha e o Japão, que tinham sonhado com grandes domínios territoriais, saíam da guerra vencidas e humilhadas. Outras, como o Reino Unido e a França, embora vitoriosas, viam-se empobrecidas e dependentes da ajuda externa. No quadro da ruína e desolação do pós-guerra, só duas potências se agitavam: a URSS e os E.U.A.

· A construção de uma nova ordem internacional: as conferências de paz

Entre 4 e 11 de Fevereiro de 1945, Roosevelt, Estaline e Churchill reúnem-se nas termas de Ialta, com o objectivo de estabelecer as regras que devem sustentar a nova ordem internacional do pós-guerra.

· definiram-se as fronteiras da Polónia;
· estabeleceu-se a divisao provisória da Alemanha em 4 áreas de ocupação dirigidas pelo Reino Unido, pelos Eua, pela URSS e pela França;
· decidiu-se a reunião da conferência preparatória da Organização das Nações Unidas;
· Estipulou-se o supervisionamento dos "três grandes" na futura constituição dos governos dos países de leste com base no respeito pela vontade política das populações;
· estabeleceu-se a quantia de 20 000 milhões de dólares pelas reparações de guerra a pagar pela Alemanha.

Estabeleceu-se um acordo quanto às zonas de influência dos regimes comunista e capitalista e, embora sem qualquer documento formal, o certo é que esta hipotética partilha da Europa foi sempre respeitada.

Alguns meses mais tarde, em finais de Julho, reuniu-se em Potsdam uma nova conferência com o fim de consolidar os alicerces da paz.
A conferência de Potsdam decorreu num clima bem mais tenso do que a de Ialta. A conferência encerrou sem alcançar uma solução definitiva para os países vencidos, limitando-se a ratificar e pormenorizr os aspectos já concordados em Ialta:
· a perda provisória da soberania da Alemanha e a sua divisão em 4 áreas de ocupação;
· a administração conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em 4 sectores de ocupação;
· o montante e o tipo de indemnizações a pagar pela Alemanha;
· o julgamento dos criminosos de guerra nazis por um um tribunal internacional;
· a divisaão, ocupação e desnazificação da Áustria, em moldes semelhantes aos estabelecidos para a Alemnha.


· O novo quadro geopolítico p.10-11

Para além de consideráveis ganhos territoriais, a guerra dera à União Soviética um enorme protagonismo internacional. Estaline participava agora, como parceiro de primeira grandeza, na definição das novas coordenadas geopolíticas.
A URSS detinha, assim, vantagem estratégica no Leste Europeu. Embora os acordos de Ialta previssem o respeito pela vontade dos povos, na prática tornava-se impossível contrariar a hegemonia soviética, que não tardou a impor-se: Entre 1946 e 1948, todos os países libertados pelo exército vermelho resvalaram para o socialismo. Em pouco tempo, a vida social, política e económica dos países de Leste foi reorganizada em moldes semelhantes aos da União Soviética.

Em 1946, Churchill pronunciou um discurso onde utilizou a célebre expressão: "cortina de ferro" para qualificar o isolamento a que estavam votados os países da Europa de Leste colocados "sob a esfera soviética" e, por isso, fechados ao diálogo com as democracias ocidentais.

-> Em 1947, o presidente Truman (E.U.A) descreveu-se a divisão política do mundo em dois "modos de vida":
· o modo de vida do bloco ocidental, caracterizado "pelas instituições livres"
· o modo de vida do bloco de leste, que "assenta no terror e na opressão"

Declarou a sua intenção de auxiliar económica e financeiramente os países da Europa de maneira a conter a expansão do comunismo [política de contenção]

-> No mesmo ano, Andrej Jdanov retorquiu designando:
· os E.U.A, a Inglaterra e a França como "campo imperialista e antidemocrático";
· a URSS e as "novas democracias" "forças anti-imperialistas e democráticas".


· A questão Alemã p.12-13

A expansão do comunismo no 1º ano de paz fez com que ingleses e americanos olhassem a Alemanha, não já como o inimigo vencido, mas como um aliado imprescíndivel à contenção do avanço soviético.
O renascimento alemão tornou-se uma prioridade para os Americanos, que intensificaram os esforços para a criação de uma républica federal constituída pelos territórios sob ocupação das três potências ocidentais, a República Federal Alemã (RFA)
A União Soviética protestou vivamente contra aquilo que considerava uma clara violação dos acordos estabelecidos mas acabou por desenvolver uma actuação semelhante na sua própria zona, que conduziu à criação de um Estado paralelo, sob a alçada soviética, a República Democrática Alemã (RDA).
Este processo de divisão trouxe para o centro da discórdia a situação de Berlim, já que na capital, situada no coração da área soviética, continuavam estacionadas as forças militares das três potências ocidentais.
O Bloqueio de Berlim, que se prolongou de Julho de 1948 a Maio de 1949, foi o 1º a medir forças entre as duas superpotências. O mundo temeu um novo conflito armado
Assim, apenas 3 anos passados sobre o fim da 2ª guerra mundial, os antigos aliados tinham-se tornado rivais e a sua rivalidade dividia o Mundo em 2 blocos antagónicos: de um lado os países capitalistas, liderados pelos EUA; do outro, as nações socialistas, sob a égide da URSS.
Nas décadas q se seguiram, as relações internacionais reflectiram este bipolarismo e impregnaram-se de um clima de forte tenção e desconfiança.