segunda-feira, 22 de novembro de 2010

OS GOVERNOS DE FRENTE POPULAR E A MOBILIZAÇÃO DOS CIDADÃOS


O intervencionismo do Estado permitiu às democracias liberais, como a americana, resistirem à crise económica e recuperarem a credibilidade política.
Na Inglaterra:
Em 1936, o incidente da crise dinástica que levou à abdicação de Eduardo VII e a ascensão nazi na Alemanha fizeram com que os Ingleses começassem a temer os avanços de direita no xadrez político internacional. Por iniciativa dos Trabalhistas, formou-se então uma “frente popular” que coligou os partidos de esquerda, mas teve curta duração. Entretanto, e face à ameaça nazi, optou-se por um governo de “união nacional”, onde se encontravam incluídos todos os partidos com representação parlamentar, dos Liberais aos Trabalhistas que conviveram democraticamente e alternaram no poder. Na França:
Em 1936, os socialistas ganharam as eleições e formaram um governo de coligação de esquerda, denominado de Frente Popular, que obteve o apoio de radicais e comunistas. Na chefia da Frente Popular foi levado a cabo um programa de reformas sociais, no campo do trabalho e da assistência, e de desarmamento e pacificação. Foi o governo da Frente Popular que introduziu as primeiras grandes reformas de carácter social. Tentando acalmar as reivindicações sindicais e a onda grevista, o governo encetou negociações entre o patronato e os delegados da Confederação Geral dos Trabalhadores, das quais resultaram o reconhecimento da liberdade sindical, a obrigatoriedade de celebração de contratos colectivos de trabalho e a subida de salários. Por outro lado, promoveu o desenvolvimento dos tempos livres e do lazer, criou os organismos de cultura popular. No plano económico, a Frente Popular francesa preocupou-se com a recuperação da agricultura, procurando conciliar os interesses dos produtores e dos consumidores, regulamentando a produção e tabelando os preços. Contudo, a Frente Popular francesa encontrou grande oposição interna e um clima internacional complicado, razões que explicam que parte destas medidas tivesse ficado por aplicar. Na Espanha:
Também a Espanha conheceu, nesse período, um governo de Frente Popular que estabilizou momentaneamente a agitação social, sindical e politica sentida após a implementação da Republica e causada, em boa parte, pelo activismo da oposição monárquica e conservadora. Face ao perigo da direita, os partidos de esquerda formaram uma coligação, que se denominou Partido Operário de Unificação Marxista (POUM). O POUM ganhou as eleições, iniciando uma politica de reformas: · legalizou o direito à greve; · legislou a favor do aumento do salário; · promoveu a ocupação de terras não cultivadas e de fábricas mal geridas. Para além disso, realizou a separação entre a Igreja e o Estado. Em conjunto de medidas desagradou aos sectores mais conservadores que se uniram na Frente Nacional para realizarem a oposição ao governo de Esquerda. O antagonismo entre as duas “frentes” agudizou-se após o assassinato do general Calvo Sotelo, episodio que despoletou a Guerra Civil Espanhola, tendo dado a vitória às forças da Frente Nacional, onde se instaurou um governo ditatorial, fasciszante e corporativo, semelhante ao que o Estado Novo estabeleceu em Portugal.

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