segunda-feira, 29 de novembro de 2010

AS PREOCUPAÇÕES NA LITERATURA E NA ARTE

Em meados dos anos 20, fazia-se já sentir um certo cansaço relativamente às audácias da arte e da literatura modernas. Acusavam-nas de uma ânsia de originalidade a qualquer preço, de se lançarem em pesquisas excessivamente especializadas, de se tornarem incompreensíveis para o grande público, não contribuindo, por isso, para a vida da colectividade.
Numa Europa marcada ainda pelas dificuldades do pós-guerra e com os olhos postos na Revolução Soviética, cresceu o sentimento de que a literatura e a arte não possuíam um valor puramente estético mas tinham também uma missão social a cumprir. A profunda crise económica desencadeada em 1929 veio avolumar este sentimento.

A DIMENSÃO SOCIAL DA LITERATURA

As temáticas psicológicas ligadas à vida interior, que tinham feito escola nos anos do pós-guerra, deixaram de interessar alguns escritores dos anos 30. A depressão económica gerada nos excessos do capitalismo liberal proporcionou-lhes novas motivações e novas temáticas – a realidade material da condição humana.
São os tempos do Neo-Realismo ou Realismo Social. Os assuntos relacionados com as condições socioeconómicas dos trabalhadores e a análise da luta de classes, tratados numa linha ideológica marxista, visando denunciar o fenómeno da exploração capitalista do trabalho, constituíam temas privilegiados pelos autores neo-realistas. A literatura passa a associar as preocupações com os novos problemas sociais e políticos:
• os protagonistas deixam de ser personagens singulares e tornam-se tipos sociais.
• o tema fundamental era a luta entre exploradores e explorados, uma criação em que o burguês capitalista representa todo o mal humano e em que o proletário simboliza a defesa das verdade histórica e da justiça.
Com a ascensão dos regimes totalitários e com os problemas políticos gerados pela eclosão da Segunda Guerra Mundial, acentua-se o carácter social da nova produção literária que ganha também uma dimensão política na denúncia romanceada das agressões à democracia e ao socialismo ou ao apoio aos respectivos regimes.

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